Terminado o Grand Prix, a seleção brasileira de vôlei feminino volta a se focar única e exclusivamente nos Jogos Olímpicos de Londres e, em menos de um mês, precisará consertar os problemas que ainda prevalecem para chegar em plenas condições de defender em Londres o ouro conquistado em 2008. Em quatro anos de preparação, o Brasil conquistou apenas um título nas principais competições internacionais que disputou, e os resultados provam que o desafio do bicampeonato olímpico será ainda maior do que foi em 2008.
Desde a tão sonhada medalha de ouro conquistada em Pequim, a seleção brasileira passou por uma renovação importante e perdeu, inclusive, uma das suas principais jogadoras, a levantadora Fofão. Outras atletas experientes permaneceram, enquanto as mais novas vieram para tentar manter a geração vitoriosa de Pequim e, de 2008 para cá, o técnico José Roberto Guimarães precisou se adaptar a uma nova rotina – já sem tantas glórias, mas com grandes desafios.
Das seis principais competições disputadas neste ciclo olímpico (de 2009 a 2012), o Brasil faturou apenas uma delas: o Grand Prix de 2009. Depois, nesse mesmo torneio, foram três vice-campeonatos, sempre perdidos para os Estados Unidos, em 2010, 2011 e 2012, no último final de semana.
No Campeonato Mundial, competição em que o Brasil ainda não conquistou nenhum título, mais uma medalha de prata, com a derrota para a Rússia na decisão de 2010. A Copa do Mundo de 2011 foi uma decepção ainda maior: bastante irregular, o Brasil sequer conseguiu ficar entre os três primeiros colocados e, desta forma, teve que disputar o Pré-Olímpico Sul-Americano para conseguir a vaga em Londres.
Fivb
A campanha dos últimos quatro anos foi bem diferente da que a seleção teve no ciclo olímpico que terminou com o ouro em Pequim. Na ocasião, de 2005 a 2008, o Brasil havia conquistado três dos quatro Grand Prix disputados, além de ter ficado em segundo lugar na Copa do Mundo. No Campeonato Mundial de 2006, a história foi exatamente a mesma – a equipe verde-amarela perdeu para a Rússia na final.Seleção feminina ficou com o vice-campeonato do Grand Prix em 2012
O que também está diferente em comparação com o ciclo passado é a indefinição da seleção brasileira. Se em 2008, o Zé Roberto já tinha um grupo fechado que sofria poucas variações ao longo dos campeonatos, a seleção de agora chega a um mês dos Jogos sem uma levantadora titular. O treinador usou o Grand Prix para fazer testes e raramente manteve a mesma formação do início ao fim de um jogo – em algumas situações, ele até chegou a usar a líbero Camila Brait para jogar de ponteira.
Por tudo isso, o Brasil terá as próximas três semanas para corrigir os erros e definir os últimos detalhes antes de iniciar a disputa pelo bicampeonato olímpico, no dia 28 de julho. A participação no último Grand Prix – que teve os Estados Unidos campeão jogando com o time reserva na fase final – evidenciou alguns pontos que ainda precisam ser trabalhados para que a seleção chegue em Londres pronta para conquistar mais um ouro e é levando em consideração esses mesmos pontos que a experiente atacante Mari não coloca o Brasil como favorito em Londres. Para ela, o título só virá na Inglaterra se o time brasileiro conseguir "se superar" nos jogos.
"A seleção não está pronta, precisamos evoluir muito ainda antes da Olimpíada. Ainda estamos cometendo muitos erros, que não podem acontecer nos Jogos. Se essa seleção ganhar lá, vai ser totalmente por superação", analisou a jogadora, que coleciona duas Olimpíadas no currículo.
Zé Roberto também está ciente de que o time está longe do ideal. Durante esse ano, ele deixou claro que ainda não estava vendo as ponteiras brasileiras rendendo o esperado e que as levantadoras precisavam evoluir mais para garantir a vaga no time. Agora, com o término do Grand Prix, o treinador admite que algumas dificuldades foram superadas, mas ainda não vê o time pronto para Londres-2012.
"Melhoramos em alguns aspectos do nosso jogo e definimos algumas dúvidas que tínhamos na equipe. Mas ainda precisamos evoluir em outras partes, como no sistema defensivo. Temos que manter a parte física e focar em Londres nestas três semanas", avaliou.
A seleção brasileira volta ao Brasil nesta terça-feira e seguirá os treinos em Saquarema até embarcar para Londres, onde ficará concentrada antes do início dos Jogos Olímpicos. A estreia do Brasil será contra a Turquia, no dia 28 deste mês.
Ciclo Olímpico 2008 – principais competições
Grand Prix 2005 - Brasil campeão (Itália vice)
Grand Prix 2006 - Brasil campeão (Rússia vice)
Grand Prix 2007 – Brasil em 5° lugar (Holanda campeã, China vice)
Grand Prix 2008 - Brasil campeão (Cuba vice)
Campeonato Mundial 2006 – Brasil vice, Rússia campeã
Copa do Mundo 2007 - Brasil vice, Itália campeã
Ciclo Olímpico 2012 – principais competições
Grand Prix 2009 - Brasil campeão, Rússia vice
Grand Prix 2010 - Eua campeão, Brasil vice
Grand Prix 2011 - Eua campeão, Brasil vice
Grand Prix 2012 - Eua campeão, Brasil vice
Campeonato Mundial 2010 - Rússia campeã, Brasil vice
Copa do Mundo 2011 - Brasil em 5° lugar, Italia campeã, EUA vice
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