Instantes após a derrota de sua equipe na decisão da Superliga masculina no último sábado, Ricardinho deixou no ar a expectativa de uma reconciliação com o técnico Bernardinho, em paz que poderia reconduzir o veterano à seleção brasileira depois de cinco anos de ausência. No entanto, o retorno do levantador que já foi tratado como o melhor do mundo na sua posição ainda é visto com reticência mesmo dentro do grupo que se prepara para a Olimpíada de Londres.
Em um evento que reuniu atletas olímpicos do Brasil na última sexta-feira, em São Paulo, Murilo disse entender que a introdução de Ricardinho no grupo na reta final de um ciclo olímpico seria uma manobra complicada. O ponta do Sesi ainda defende Bruno e Marlon, levantadores que vêm integrando o elenco nos últimos anos."Muita gente questiona o Marlon e o Bruno, mas eu defendo eles. Todos os títulos que ganhamos nos últimos anos foram com eles. Se investiu nos dois e eles deram resultados é difícil ter uma mudança a essa altura do ciclo", afirmou Murilo.
"A gente [jogadores da seleção] não se envolve nesse tipo de coisa, e não vai ser desta vez que vamos nos envolver. O Ricardinho realmente está numa fase muito boa, sempre foi um bom levantador, é um dos gênios da posição", acrescenta o ponta gaúcho, eleito o melhor jogador do mundo no Mundial de 2010.
Depois da derrota do Vôlei Futuro para o Sada Cruzeiro por 3 sets a 1 na decisão da Superliga Masculina, Ricardinho manifestou a expectativa de voltar à seleção, em ambiente que deixou em 2007, nas vésperas do Pan-Americano do Rio, em razão de desavenças com Bernardinho. No último sábado, o levantador de 36 anos disse pretendia procurar o treinador da seleção.
"Ainda não teve conversa. Temos hoje e amanhã ainda. Vamos bater um papo e decidir juntos qual é a melhor solução. Ele tem que dar a lista essa semana. É claro que posso ligar para ele. Hoje à tarde, no máximo amanhã, vou procurá-lo para termos esse papo", afirmou Ricardinho, ao UOL Esporte, na saída do Ginásio Poliesportivo, em São Bernardo.
Campeão olímpico com o Brasil nos Jogos de Atenas em 2004, Ricardinho ainda revelou que mantém um contato mais frequente com o capitão da seleção brasileira Giba, um dos líderes do grupo. O levantador relatou que em uma das conversas recentes pediu ao companheiro para esperar o término da Superliga antes de efetuar a conversa definitiva com Bernardinho.
Outro líder da seleção, Murilo afirma que não existe rejeição a Ricardinho dentro do grupo, mas que um eventual retorno depende obrigatoriamente de um acerto de contas entre o levantador do Vôlei Futuro e o técnico da equipe nacional.
"Antes de qualquer convocação, os dois [Ricardinho e Bernardinho] precisavam se acertar, resolver esse mal-estar que existe entre eles", declarou Murilo na noite da última sexta-feira.
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