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Faltou o “timing” para o dirigente do Cruzeiro



Uma das muitas coisas que aprendi nos bons textos do blog do Radamés Lattari é que a crítica direta e sem proposta para mudança não é tão válida. Se for apontar os erros, mostre como se pode melhorar. Baseado nesse argumento, a carta do empresário do Sada/Cruzeiro Vittorio Medioli, publicada no blog do Daniel Bortoletto, do Lance!, perdeu muito o seu valor (veja a íntegra da carta abaixo)


Nela, o dono do Grupo Sada, patrocinador do Cruzeiro, faz inúmeras críticas ao modelo da CBV, a um possível favorecimento ao RJX e ao SESI, ao modelo de administração dos clubes que usam dinheiro público, ao calendário... Muitas delas ele tem razão, mas pelo momento que foi feito a crítica e pela falta de proposta, o valor da reclamação cai muito.

Por que no ano que o Cruzeiro foi campeão não houve reclamação? Por que não lidera um movimento para criar uma Liga Independente? Garanto que, se todos os clubes insatisfeitos, liderassem um Campeonato Independente, não vai ter como a CBV puni-los politicamente. Se treinadores, jogadores e empresários reclamam, por que continuam de mãos atadas? Repetindo: apesar de achar que ele tem a razão em vários argumentos e acreditar que é hora de mudanças (!), faltou atitude e propostas. Pareceu mais oportunismo.



A apresentação da Superliga Masculina! Precisamos de mudanças, mas falta propostas e atitudes
Prezados Ary, Renato, Fabio e demais dirigentes do vôlei nacional,

Parabéns a vocês da CBV. Atingiram todos os objetivos fixados para esta Superliga. Venceram, mesmo entre vitimas que terão, agora, que enterrar.

Deixo-lhes algumas ponderações tardias que deveria ter tido a coragem de fazer no ano passado, mas que a vitória e minha saúde me dissuadiram em fazer:

- 6 atletas de seleção num time com orçamento de R$ 17 mi

- 5 atletas de seleção num time com orçamento acima de R$ 12 mi que é mantido por contribuição sindical compulsória, por força de lei, inclusive da minhas empresas. Recursos destinados legalmente e estatutariamente ao amparo social e educacional dos trabalhadores e de seus filhos.

- o trabalhador da minha empresa não torce pelo Sesi, torce pelo Sada; não é amparado pelo Sesi, e se vê a disputar contra o SESI. Minhas empresas contribuem ao SESI por força de lei, nossos fundos são doações expontaneas e comerciais. Um patrocinador privado investe no que é sustentável, não numa loucura sem parâmetro econômico e responsabilidade social, certamente não para enfrentar que tem recursos sem limites, desviados das finalidades constitucionais.

- CBV, com seus equívocos, conseguiu realizar uma divisão nítida no vôlei brasileiro. Um vôlei bilionário, estratosférico, sem compromissos com gastos, que pode pagar mais que times russos, poloneses, italianos e arrematar toda a seleção; outro vôlei barnabé cujos patrocinadores, intimidados, fogem espantados por tanta irracionalidade.

- Os times por imposição de CBV/Globo não possuem nome, quem decide o nome ridiculo do time é a rede que levou os direitos televisivos, sem pagá-los aos clubes. Pelo menos, pagasse para fazer o que quer!, mas é de graça.

- Não existe premiação de entrada e de resultado, nem direitos de televisionar. Se Não tem espaço na grade de programação, também não existe vontade de CBV se acordar com mais canais de tevê (mesmo de graça como é com a rede Globo (?), unica titular. Globo cobra para ceder a transmissão para outros canais?

- Nem meu time, dispondo do atrativo de títulos nacionais e internacionais conseguiu algum patrocinador. Perdeu ou BMG que pagava suadamente R$ 600 mil por uma temporada inteira. Não se sentiu retribuido pelo titulo mineiro, nacional, Sul Americano! Imagine os demais times o que podem esperar nessa situação.

- a final da Superliga se disputa numa manha de domingo. A grade não permite outra solução. A rede de tevê determinou, ponto final. No exterior é a melhor de 3 ou de 5 jogos, aproveitando a importância da decisão para dar retorno aos patrocinadores e satisfação aos torcedores, vender camisas, dar visibilidade a quem investe.

- CBV distribui ajudas ao clube que quiser, sem transparência, impessoalidade e proporcionalidade, deveres de uma entidade que recebe recursos públicos?

- Bancos patrocinadores que investiam no vôlei, não investem mais em atletas e quadras, forrados de BB. BB não dá nada aos clubes.

- Os patrocinadores da Superliga e da Seleção são os mesmos. Pagam para patrocinar a Seleção e levam a Superliga de troco. Nisso os times nada recebem.

- Hoje no final do jogo, na tevê, os comentaristas comemoravam que agora começa o circuito mundial . "ACABOU" Superliga, até com regozijo. Rio se consagrou o templo do vôlei do dinheiro. Unilever+Sky e EBX.

- Ficarão em quadra durante os próximos 5 meses, apenas 12 atletas milionários de 2 clubes apenas, enquanto 300 atletas e centenas de técnicos estarão sem remuneração, perdendo apartamentos, e vivendo uma agonia cíclica de 6 meses de inatividade absoluta e constrangedora.

- Ao escutar esse triunfalismo me deu vontade de chorar, sabendo o que isso significa para o mundo do vôlei, centenas de famílias na inseguranças e de jovens na desorientação.

- o próximo jogo do Sada será em final de setembro ou outubro, depois de 6 meses de inatividade. Pagaremos salários e despesas de 20 atletas e técnicos profissionais, aguardando que CBV reinvente a cada ano uma nova ilusão de Superliga, rejuntando os cacos dos cacos da anterior.

- os clubes são culpados. Acreditam em papai Noel.

- Os patrocinadores não atenderão ao telefone dos clubes até outubro. O clube se desintegra por inercia, por "não existir" durante 7/8 meses, por não ter o que fazer.

- Insisto na tese de alguns analistas desse mundo do vôlei que culpam o equivocado projeto do Sesi/SP – que deveria investir suas verbas de forma impessoal e proporcional para filhos de trabalhadores e seu lazer. Gerou-se com a invasão um vôlei milionário, disparatado, no meio do vôlei tupiniquim no qual Cimed fazia sucesso e formava atletas.

- Havia um campeonato "Paulista" tão importante e disputado quanto Superliga. Entrou Sesi e em São Paulo o vôlei enfrentou uma rápida decadência, os times foram desmantelados: SBC, Pinheiros, Volei Futuro, São Caetano, Santo André, Medley e, fora de SP, o glorioso Cimed mais meia duzia desistiram de sobreviver.

- Quem faz as contas antes de entrar em disputa e considera a existência do Sesi e de seu orçamento galático desiste de competir, só tem direito em sonhar num bronze. SESI pode pagar 2 vezes mais de quanto um time russo oferece e 3 vezes mais de quanto um primeira linha do Brasil consegue. O RJX, nem se fala, será campeão pelo resto da decada, pois Sesi usa mal seu dinheiro..

- a falta de competitividade assola a Superliga, nunca será um torneio de grande importância que possa beneficiar um numero maior de pessoas e levar grande alegria aos jovens e torcedores. É um modelo sem sustentabilidade, eivado de absurdos.

- Depois de 4 temporadas de Sesi, o que sobrou? O RJX, com 50% mais de orçamento (!) do que o próprio SESI. Os atletas da seleção se dividem entre eles. A próxima Superliga já tem finalistas decididos e campeão garantido.

- Mais logico a CBV pedir ao Senat, Senai, Sesc, Senar, Sest, Sebrae, Sescoop, IEL, Abdi, Apex,etc disputar entre si uma Superliga Sindical milionária com 100% de atletas da seleção. O jogo vai ficar mais parelho, mais justo, mais competitivo entre iguais que pode usar dinheiro de contribuições sindicail compulsória como metralhadora.

- como amante do vôlei segurei minhas lagrimas várias vezes, frente a tantas incongruências, achando que Deus premiaria sempre quem disputa com o coração e com esportividade, mas o vôlei do dinheiro sem limite chega a ser imbatível.

- Os clubes são frágeis e, mais devastados ficam, ao fim de uma Superliga como essa que sagrou a "seleção brasileira" campeão do torneio do tostão contra o bilhão. Absurdo e irreal.

Vittorio Medioli (sem revisão)



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