Jaqueline 'renasce' dentro da Seleção de vôlei e surpreende até o treinador


Para Jaqueline, a edição 2014 do Grand Prix tem um significado a mais: seu renascimento com a camisa da Seleção. A ponteira ficou mais de um ano afastada das quadras devido ao nascimento de seu filho, Arthur. Com isso, ficou fora das convocações da Seleção e perdeu ritmo de jogo. Mas, nas três primeiras partidas do time no torneio, Jaqueline mostrou que está de volta.

- Sabia que seria difícil, mas tive duas contusões sérias no joelho e consegui voltar bem. Não foi diferente. Tenho a confiança plena que, se uma pessoa se dedica, ela obtém os resultados - falou Jaqueline ao LANCE!Net.

Com boas partidas no Grand Prix  contra China, Itália e República Dominicana, a jogadora alcançou a posição de segunda maior pontuadora da Seleção Brasileira no torneio (41, contra 47 de Fernanda Garay), além de ocupar a mesma colocação dentro da equipe no quesito de eficiência nos ataques e recepções. O bastante para encher os olhos de seu treinador, José Roberto Guimarães.

- A Jaque sempre se cuidou muito. Mas ela teve uma evolução enorme depois que teve o filho. Ela me surpreendeu - disse o técnico.

Porém, sua situação fora das quadras ainda não se resolveu completamente. A atleta está sem clube, visto que o sistema de ranqueamento da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) não permite mais do que duas jogadoras consideradas de nível sete no mesmo plantel. Com isso, Jaqueline se desligou do Molico/Osasco e procura uma equipe brasileira, já que não quer ficar longe de seu filho de sete meses.

- Estou sem clube. Aqui no Brasil está complicado, o emprego está difícil até no vôlei (risos). É horrível você ter uma jogadora de Seleção Brasileira desempregada. Aqui, infelizmente, não há incentivo a esses jogadores (sete estrelas). Vamos ter férias forçadas - reclamou a ponteira.

Nesta sexta-feira, às 14h35, a Seleção volta à quadra para a disputa da segunda rodada do Grand Prix, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. A adversária será a Coreia do Sul,  que, no último duelo com o Brasil, nos Jogos de Londres-2012, venceu por 3 a 0. Além das asiáticas, o time enfrenta Estados Unidos e Rússia.

- Essa segunda etapa é a mais difícil, mas eu acredito muito na nossa equipe – completou Jaqueline.

Bate-Bola - Jaqueline - Ponteira da Seleção Brasileira

1 - Como está sendo seu retorno?
Está sendo maravilhoso, poder ajudar a equipe da maneira que estou ajudando, eu acho que é um ponto muito positivo na minha vida. Primeiro porque acabei de ter um bebê, estou dando a volta por cima, estou me dedicando muito para que eu possa ajudar em qualquer fundamento em quadra.

2 - Está sendo difícil voltar?
Está mais fácil. Estou tendo muita gente me ajudando aqui. Quando o Zé (Roberto Guimarães) me ligou e me chamou, eu vi que tinha muita confiança ali. Então a gente já vai muito mais feliz em saber que ele confia em você. O grupo em si está me dando muita força. Eu estava muito atrás delas, mas elas me ajudaram muito.

3 - Você achou que iria recuperar o ritmo tão fácil?
Me dediquei muito para chegar onde estou hoje e com o físico que estou hoje. As coisas estão acontecendo para mim. É claro que não quero ser a melhor, não serei a melhor em um fundamento ou outro, minha função aqui é dar ritmo, trabalhar no fundo de quadra. Mas as coisas estão acontecendo naturalmente. Podendo ajudar, já estou muito feliz.

4 - Essa é a fase mais difícil do Grand Prix?
Com certeza, não tenha dúvidas. A gente pegou uma fase complicada no início, a nossa equipe não havia jogado junto ainda, eu voltando de gestação, então tinha aquela dúvida "será que a gente vai conseguir de cara jogar com Rússia, Itália, República Dominicana?...", mas a gente conseguiu. Todo mundo deu um ritmo de jogo bom.

5 - Você acha que o sistema de ranqueamento da CBV atrapalha o entrosamento da Seleção?
Lógico, são jogadoras que estão indo embora e que estavam aqui no cenário brasileiro. Nós conhecíamos nos jogos. Agora, jogando fora, não conseguimos saber como elas estão. É difícil, mas a nossa equipe, tendo algumas aqui, já é de bom tamanho. As principais jogadoras estão fora e é ruim isso. Já tivemos isso a um tempo atrás e conseguimos trazer de volta para o Brasil, mas agora está acontecendo de novo.

6 - O maior reforço do Grand Prix foi a Jaqueline?
Acho que foi o grupo inteiro. O grupo que vem me ajudando, me apoiando, não é fácil ter um recém nascido, de sete meses... Estou me sacrificando muito para estar aqui e o grupo é o exemplo de tudo que está acontecendo, todos juntos, focados e ajudando uns aos outros.



Postar um comentário

0 Comentários