Vítima de erro no anti-doping, Solberg desabafa: "Ninguém se desculpou"


Pedro Solberg (Foto: Reprodução TV Globo)

Pedro Solberg sofreu muito antes de poder comemorar sua medalha de bronze no último campeonato mundial de vôlei de praia na Holanda, ao lado de seu parceiro Evandro. Suspenso pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB) por suposto uso do esteroide androstane, usado para ganho de massa muscular, ele foi inocentado pela entidade depois de outro exame apontar resultado negativo. Já recuperado, Solberg se prepara para disputar os Jogos Olímpicos;
- No dia que fui inocentado meu telefone tocou três vezes, no dia que fui dado como dopado, tocou um milhão de vezes.  Ninguém me ligou pra fazer matéria na hora depois da minha inocência, mas na hora do doping, meu telefone nunca tocou tanto. Recentemente eu joguei nos Estados Unidos um torneio e a arquibancada inteira ficou me chamando de dopado. Estava lotado, as pessoas gritando "steroids". A torcida fez isso até o final, e acabou o jogo, ganhei, fui embora, fui campeão, foi um torneio muito legal, joguei com um grande amigo meu. Minha mãe estava lá, só a minha mãe ao meu lado. E o laboratório nunca me pediu desculpas. Isso é o que mais me magoa, errar é humano, mas você não assumir o seu erro - diz Solberg.
A mãe do atleta, a ex-jogadora de vôlei Isabel lembra os momentos horríveis que viveu ao lado do filho.  
- Foram noites horríveis, você ver o teu filho acusado. É um crime, então você saber que as pessoas estão olhando para o seu filho como um criminoso e ele não é. Não existiu mais nada na minha vida nesse período a não ser tentar provar que o Pedro estava limpo. Isso é uma atitude covarde, uma atitude horrorosa, é um crime dentro do esporte, o doping para a gente é isso, o doping pra gente é um crime, e você ser acusada de um crime é muito pesado. Ainda mais quando você tem certeza que você não cometeu. Agora, até essa história entrar na minha vida, como todo mundo eu achava que se o cara caiu no doping, alguma coisa tem ai. Aquela história do "Onde há fumaça há fogo". Eu tinha essa visão realmente, e acho até a visão se justifica, proporcionalmente, pelos casos que existem. Não existe meio dopado, o negocio é científico.
Pedro Solberg processou o laboratório e ganhou na justiça além de reparações pelos muitos gastos feitos para provar sua inocência, também uma indenização de cem mil reais por danos morais. O advogado Armando Miceli explica melhor.  
- Leva-se em consideração uma carreira olímpica, uma pecha de atleta dopado, perdeu patrocinador, perdeu parceiro, perdeu prêmio. E o mais importante, teve sua imagem arranhada, de quem é um atleta de ponta que acabou de se classificar para as Olimpíadas do Rio. Isso não tem preço e não tem reparação financeira que repare o que aconteceu, mas o juiz de alguma forma tem que encontrar um parâmetro e o parâmetro que encontrou foi esse, de R$ 100 mil.


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