Bernardinho dá receita para 12ª final do Rexona AdeS

Bernardinho treino Rio de Janeiro (Foto: Célio Messias/Inovafoto/CBV )

O relógio marca 9h de uma sexta-feira, e Bernardinho já está gritando. O ginásio Nilson Nelson ainda se apronta para a decisão da Superliga feminina, neste domingo, mas o técnico do Rio de Janeiro age como se a partida já tivesse começado. O nervosismo contrasta com a experiência de quem vai para sua 12ª final seguida. O treinador garante, porém, que, apesar de todo o histórico, o clima em torno do duelo ainda é o mesmo da primeira vez.

Mas como passar toda essa energia para uma equipe também acostumada a finais? Presente desde o início do projeto do Rio, Bernardinho tem a receita para que suas jogadoras estejam tão pilhadas quanto ele na manhã de domingo.

- Sou muito chato com elas. Continuo ansioso, chato e insuportável. Porque a importância dessa partida, para mim, é total. A ansiedade é como se fosse antes do primeiro jogo. Em casa, dizem: "Não é possível que você fique assim depois de tantos anos". Mas eu gostei do que vi hoje de manhã. Elas acordaram dispostas, atentas a essa questão de mobilização. Isso que é importante. Elas sabem o momento que a gente vive, e elas querem fechar bem o ano.

A "chatice" de Bernardinho é unânime. Mesmo Natália, uma das mais elétricas da equipe, sente na pele. O "despertador", ela diz, funciona.

- É exatamente desse jeito (risos). A gente começou o treino, e ele já pegando no nosso pé, gritando "acorda!". Pô, o treino cedo, 8h da manhã, geralmente treinamos à tarde. Então, começamos o treino meio devagar, ele gritando na nossa orelha. Mas não tem nem como ficar dormindo, né. Todo mundo já acorda. Ele sabe como manter o time com vontade, motivado. Você olha, 12ª final consecutiva, e acha que ele já está acostumado. Mas ele se importa. Cada vitória é importante para ele. Então vamos em busca dessa mais uma vez.

Roberta concorda. A levantadora, que deve ser mantida na equipe titular para a final, afirma que é exatamente esse jeitão do técnico que faz com que as jogadoras se motivem para buscar um novo título.

- E muito! Hoje, até gritei: "Que chatice! Não para de falar!". Quando me perguntam, acho que essa é realmente a diferença. Em momento algum ele está satisfeito com nada. A gente pede, diz para ele dar um pouco de risada, curte, comemora. Ele não comemora! Pode ser contra o último da tabela ou o primeiro. Para gente, é chato. Mas, para o time chegar a mais uma final, essa chatice dele é diferente. Ele não se desmotiva, ele faz com que a gente não se desmotive. Não perdemos a concentração. O ouvidinho aguenta (risos), mas é bom, faz bem.

Bernardinho sabe, porém, que toda a experiência em finais pouco significa quando a bola sobe. Ainda que o Rio tenha o histórico ao seu favor, o treinador pede cuidado com o Praia, estreante em decisões, mas com jogadoras capazes de mudar o rumo da história em quadra.

- São dois aspectos que devemos avaliar. Realmente, temos a experiência de termos vivido momentos como esses. Temos muito mais. Mas eles têm a Walewska do lado de lá, que viveu todas as finais que poderia viver, olímpica, campeonato russo, italiano, Copa dos Campeões e Superliga, com a gente no passado. Então, algumas jogadoras delas têm essa vivência. Como a Michelle, que foi campeã conosco, mas não como titular e protagonista como tem sido agora. Por esse lado, temos uma experiência que pode fazer a diferença. Por outro, elas têm um pouco dessa irresponsabilidade. Temos um peso maior. Isso tira a pressão do lado de lá, e isso favorece um pouco elas. Porque temos essa tradição em finais. Mas, se tradição ganhasse o jogo, não teríamos mudanças no cenário. E não é isso o que acontece. Temos de chegar e pensar como se fosse a nossa primeira final.


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