Earvin N´Gapeth, um dos obstáculos para o Brasil na Liga Mundial


 


 Para acabar com o jejum de títulos, que perdura desde 2010, a seleção brasileira masculina de vôlei terá de passar pela França, o time sensação dos últimos anos. É que Brasil e França disputam às 15h30 deste sábado uma das semifinais da Liga Mundial, em Cracóvia, na Polônia. Sérvia e Itália brigam pela outra vaga na decisão do torneio que se encerra neste domingo. E para chegar lá, os jogadores do Brasil terão de superar Earvin N´Gapeth, o melhor jogador da última Liga Mundial, conquistada pela França.

Lucão, meio de rede do Brasil, foi campeão italiano ao lado de Ngapeth, no Modena, na Itália, e diz que o rival é um gênio e que a França é a seleção do momento.
- Ele vai se divertir amanhã (hoje). Tem um estilo próprio, não se preocupa muito com as coisas. Até às vezes achava ele meio irresponsável com as coisas que fazia dentro de quadra. Só que o cara é um gênio. Pode ficar quatro dias sem treinar e depois vai responder porque é um jogador versátil. É um jogador completo - elogia Lucão, que também vê a seleção francesa, como um todo, completa com foco na defesa. - É um time que mudou um pouco o voleibol, que trabalha bem a defesa e não fica só se preocupando com o ataque. O time tem uma paciência de jogo impressionante.
O francês Earvin N´Gapeth causa tantos problemas extra-quadra quanto eleva a seleção masculina ao posto de uma das favoritas ao ouro olímpico. Homenageado com o nome do astro do basquete Earvin Magic Johnson, o filho do ex-jogador camaronês/francês Eric N´Gapeth, é capaz de ser o MVP da Liga Mundial, no título inédito da França, e, horas depois, ser preso ao agredir um dos controladores do TGV, Paris-Bordeaux, na estação de Montparnasse.
Aconteceu ano passado, após a França bater a Sérvia, no Maracanãzinho, no Rio. Competição em que o Brasil ficou fora das finais. Após levar a seleção francesa à conquista histórica, depois de sair do grupo da Segunda Divisão da Liga, o ponteiro foi eleito o melhor atacante e o melhor jogador do torneio. Daqui, a equipe retornou a Paris. Na estação de trem, N´Gapeth insistiu para que o controlador esperasse um amigo, que estava atrasado. Ao não ser atendido, agrediu o funcionário. Em abril, a condenação foi de três meses de prisão mais multa, mas ainda não ficou decidido de que forma ele cumprirá a pena.
- Ele é um jogador fora de série. Vi pouca gente talentosa como ele jogar. Não me incomodo com as coisas que ele faz porque sei que é tremendo de um cara bacana, bom coração. é o jeito dele - elogia Bernardinho.
E olha que não foi a primeira aparição do atleta de 25 anos no noticiário policial. Em dezembro de 2014, N´Gapeth foi condenado a três anos de prisão pelo Tribunal de Montpellier, por causa de uma briga numa boate em 2013, mas coube recurso. No fim de 2015, ele foi acusado de atropelar três pedestres numa estrada de Reggio Emillia, em Modena, cidade homônima do clube onde joga, na Itália. O jogador não prestou socorro na hora, e só se apresentou à polícia dias depois. Ele pediu desculpas publicamente e assumiu todas as responsabilidades. Ainda foi suspenso temporariamente pelo clube.
O jogador também tem um longo histórico de indisciplina em clubes e na seleção. No Mundial de 2010, por exemplo, foi expulso da equipe nacional depois de insultar o treinador Phillipe Blain. À época, ganhou o apelido de Anelka do vôlei - o atacante da seleção francesa de futebol também foi desligado do time, no Mundial da África do Sul, por xingar o técnico Domenech.
Antes do Mundial de 2014, após torneio classificatório, o francês se recusou a voltar para o clube russo Kemerovo, pois não queria ficar longe da mulher e do filho. O detalhe é que a equipe siberiana era treinada pelo seu pai. Na fase final da Liga Mundial, na Polônia, ele tem evitado a área de entrevistas. Nessa sexta-feira, passou batido pelos jornalistas, falando ao celular, mesmo após a vitória contra a Sérvia.


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