O   Brasília Vôlei se espede nesta sexta-feira (15/3) da elite do vôlei   brasileiro, em jogo fora de casa, contra o Osasco, às 21h30. Na 11ª   rodada do returno da Superliga Feminina, a última antes do fim da   primeira fase, o time da capital federal entra em quadra rebaixado para a   divisão de acesso. A saída do técnico Hairton Cabral no meio da   competição, lesões e, principalmente, um elenco extremamente reduzido,   com muitas atletas da base, fizeram com que a equipe ganhasse apenas   quatro jogos dos 21 disputados e amargasse a penúltima posição, à frente   apenas do Balneário Camboriú.
A   fase do Brasília Vôlei é ainda mais alarmante pela crise política   vivida pelo principal patrocinador da equipe, o Banco de Brasília (BRB).   Até o momento, jogadoras e comissão técnica não receberam os salários   referentes a janeiro e fevereiro. A oposto Neneca teve de negociar o   pagamento do apartamento que ela aluga em um hotel na cidade devido aos   atrasos. O presidente do Brasília Vôlei, James Figueiredo Rocha, assumiu   a responsabilidade, retirando qualquer culpa da entidade apoiadora.
A   justificativa dada foi o acúmulo de funções sobre a equipe, que   precisou ser reduzida após a diminuição do investimento no time nas duas   últimas temporadas. "O banco jamais atrasa nada conosco, o que atrasa   somos nós com prestação de conta ou demora na entrega de algum   documento. Houve um ano em que o pagamento deveria sair dia 30 e saía no   dia 15, porque tínhamos muita gente para trabalhar. Agora, como estamos   em um número muito reduzido, estão todos sobrecarregados", explicou   James Figueiredo.
O contrato com o patrocinador   determina que o investimento seja repassado em 10 parcelas: seis em   2018 e quatro em 2019. Um fator complicador, segundo o dirigente, é o   calendário da liga ocorrer entre um ano e outro. "Todo ano, o contrato   acaba em 31 de dezembro. No novo ano, faz-se um novo contrato para   pagarem as quatro parcelas restantes", explica. "Ainda não assinamos o   contrato referente às parcelas de 2019, mas o banco nunca nos deixou na   mão e não vai deixar", disse James.
Incertezas sobre a continuidade
O   primeiro rebaixamento do Brasília Vôlei após seis anos na Superliga   Feminina envolve também a incerteza se o time seguirá existindo. Todo o   processo de buscar patrocínios encontrará um novo cenário: a Série B. A   principal aposta, segundo o presidente do Brasília Vôlei, James   Figueiredo, continuará sendo o BRB.
Em 2013, no   início do projeto fundado pelas ex-jogadoras Leila Barros e Ricarda   Lima, o técnico Sérgio Negrão comandava a equipe dentro de quadra, mas   mostrou que exercia papel ainda mais importante nos bastidores, ao   buscar patrocinadores, montar elenco, negociar idas e vindas de   jogadoras. No vôlei desde a década de 1980, ele assumiu a gestão do time   na saída das duas fundadoras, que enveredaram para a política.
Negrão   soube tirar cartas da manga ao reinserir o técnico Manu Renault, que   trabalhava em uma academia em Minas Gerais, no cenário do vôlei em 2015 e   apostar em Anderson Rodrigues como treinador em 2016, quando ele ainda   era assistente no Minas. Hairton Cabral foi o nome para substituí-lo no   início desta temporada. Mas o também comandante da base da Seleção   Brasileira teve de se dedicar exclusivamente aos cuidados com a saúde na   primeira metade da Superliga.
O então   assistente técnico Inácio Júnior assumiu o comando. O grupo demonstrou   mais união e o trabalho do novo comandante foi elogiado pelas jogadoras.   Mas a falta de uma personalidade influente no vôlei deve ser sentida   após o fim da competição. O elenco atual tem um valor superior ao que   será a nova realidade do time, provocando debandada de atletas. "É um   elenco caro e, para a Série B, o recurso vai diminuir muito. Vamos focar   nas jogadoras da base", prevê James Figueiredo.
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