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Entrevista com Bernardinho falando sobre Univeler, patrocinadores...

A trajetória vitoriosa de Bernardinho não pode ser acompanhada apenas na Seleção Brasileira masculina. Apesar de ter a possibilidade de se dedicar apenas às suas palestras e a outros projetos pessoais ao longo do ano, o técnico encara o desafio de comandar um time feminino, o Unilever, quando não está a serviço da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).

Iniciado no Paraná em 1997, o hoje Unilever (antigo Rexona) é o maior vencedor brasileiro da história de clubes femininos: ao todo, são seis títulos nacionais, todos conquistados sob o comando do treinador. Quase todas as grandes jogadoras brasileiras já jogaram com ele, que também mantém um projeto social junto com a empresa, o "Esporte Cidadão", destinado a crianças e a adolescentes. Como "bônus", o programa revela novas atletas, caso da ponteira Suelle e da levantadora Roberta, atualmente profissionais do Rio de Janeiro.

Para tentar retomar o título perdido para o Sollys/Osasco na última temporada, o Unilever investiu em duas estrelas da Seleção Brasileira que nunca haviam trabalhado com o treinador, a ponteira Mari e a oposto Sheilla. E ambas já encantam o aparentemente durão Bernardinho: enquanto a primeira, em recuperação de uma cirurgia no joelho, é definida como "divertida e focada", a segunda ganha elogios por sua determinação e vontade "de iniciante", mesmo já sendo consagrada. "Eu falo dela com uma certa emoção, é uma coisa admirável. Que todos se mirem no exemplo!", afirma.

Em entrevista, Bernardinho também discorre sobre a importância do apoio do Banco do Brasil e da Unilever ao vôlei brasileiro, fala do que pretende da equipe para a temporada 2010/2011 e analisa a atual situação da modalidade para os clubes. Confira:

Qual a sua avaliação da Unilever este ano?

Bernardinho: Na Superliga passada tínhamos grandes concorrentes, como o São Caetano e o Osasco, que montou um supertime para tentar a vitória depois de tantos anos na fila e conseguiu um 3 a 2 na final sobre nós. A gente fez uma boa campanha, tínhamos um bom time e ganhamos alguns títulos como o Carioca, aquela Copa na Suíça (Top Women's Volley Internacional). Mas o mais importante é você estar desenvolvendo as jogadoras. A Fabizona hoje é capitã da Seleção brasileira, cresceu muito na nossa equipe. A Joycinha, que não era jogadora de Seleção, chegou lá. Ver que o seu trabalho está trazendo frutos importantes dá uma grande satisfação.

Esta temporada vocês trouxeram a Sheilla, que é considerada por muitos a melhor do mundo hoje. Que aspecto você pretende fazê-la evoluir?

Preciso conhecê-la um pouco mais, mas o mais bacana é que ela quer. Eu falo dela com uma certa emoção, é uma coisa admirável. Não sei dizer se é a melhor jogadora do mundo, mas certamente ela é uma das melhores. E a Sheilla veio para cá como se fosse uma iniciante. Tem prazer de estar aqui, quer aprender... que todos se mirem neste exemplo! As coisas mais importantes da sua vida são aquelas que você aprende quando acha que já sabe tudo. Ela certamente não acha que sabe tudo, a postura dela é de gente que quer acontecer, está sedenta por isto.

Trata-se de uma atleta excepcional no dia-a-dia do trabalho, tem uma dedicação e uma humildade admiráveis. É uma menina que eu já conhecia à distância, mas eu aprendi a admirar. Você tem prazer de trabalhar com uma jogadora desse tipo, ela pode nos ajudar muito na ausência de outras importantes, como a Fabizona. Mas vamos precisar construir um grupo para enfrentar em boas condições Osasco e Araçatuba, pois, por mais que a Sheilla seja ótima, temos que ter um grupo consistente. É isso o que estamos tentando fazer.

E a Mari?

A Mari é uma jogadora que faz muita falta, mas estamos trabalhando para ela se recuperar bem. Quero trabalhar bastante a recepção dela porque vai ser uma coisa muito importante não só aqui, mas para a carreira dela e na Seleção. A Mari é um personagem divertido, interessante e engraçada, mas muito focada.

Você possui uma jogadora bastante versátil, a Valeskinha, mas tem optado por deixá-lo no meio com a Juciely ao invés de colocá-la na ponta e, com isso, a Carol Gattaz ficou no banco (apenas no duelo contra o BMG Mackenzie nesta quinta isto não aconteceu). Esse deve ser o time titular até para ele pegar ritmo ou você pretende ir mudando de acordo com o adversário?

A Carol Gattaz, além de ter tido um ano difícil no ano passado, chegou do Mundial muito sem ritmo, pois quase não participou. É natural. Então, nós vínhamos já com um grupo trabalhando, com a Valeskinha bem, a Juciely bem e optamos por mantê-las. A Valeskinha é uma opção na ponta também até a Mari voltar. Vamos trabalhar e vamos ver em que condições vamos precisar delas.

Colocar a Carol em ótimas condições é uma coisa importante para a gente, vamos trabalhar muito para isso e ela está com muita disposição, mas neste primeiro momento eu preciso dar entrosamento para o time, sair mexendo demais não é bom negócio. Ao longo do tempo, com o time já consolidado você pode já trabalhar outras opções dependendo do tipo de adversário que você enfrente.

A Unilever vai fazer seus cinco primeiros jogos fora de casa nesse começo de Superliga. Essa tabela não é ruim para vocês?

É ruim não jogar em casa, sem o apoio da torcida, mas ao mesmo tempo as viagens nos permitem um convívio grande com o grupo todo junto. É um time novo, muito modificado, e jogar fora de casa é bom para elas se conhecerem. Talvez em um momento melhor do time, a gente vai ter mais jogos em casa, o que te dá mais resultados. É tentar botar pressão nos adversários de agora e, se algum resultado não sair como a gente deseja, que no returno nós consigamos mais pontos para chegar lá na frente.

No vôlei de clubes qual você acha que é o aspecto que o Brasil mais precisa evoluir?

Tem que trabalhar muito a questão da organização, do planejamento. Acho que a gente tem que ter com mais antecedência a questão de tabelas, do sistema de disputa. É preciso haver uma coisa antecipada até para que você possa trabalhar, inclusive com a sua torcida, vender antecipadamente as entradas. Hoje, é tudo feito ainda muito em cima da hora. Em termos de gestão de clubes ainda estamos muito abaixo. A Superliga é muito mutável ao longo dos anos. A questão da final em jogo único, não vejo só pelo lado negativo, pois o Super Bowl é uma final só, então tem o lado do espetáculo também.

E o fato de a final já ser em uma cidade já pré-determinada? No ano passado vocês fizeram a melhor campanha e tiveram que decidir na casa do adversário.

Você não pode nos tirar o direito de ter uma única vantagem, que é o de jogar em casa. Então, eu sou contra isso. Mas aí eles dão a justificativa que você tem que reservar com antecipação o ginásio. Sem nenhuma hipocrisia e com todo respeito, mas eu reservaria os ginásios dos principais times da Superliga. São seis, sete equipes. A gente sabe que não são todos os 13 times que tem condições de chegar à final.

Qual a importância do Banco do Brasil e da Unilever para o desenvolvimento do vôlei brasileiro?

O Banco do Brasil é uma parceria de 19 anos que deu supercerto. Por quê? Porque o apoio deles foi fundamental para o nosso desenvolvimento, para dar melhores condições para as seleções, para todo o trabalho da Confederação e isto trouxe resultados. E resultados dão visibilidade, que assim como a gestão eficiente dos recursos, trouxeram retorno ao banco. Foi um ciclo muito virtuoso, onde todos ganharam com esta parceria.

No caso específico da Unilever, eles entraram na Olimpíada de 1996, quando existiam algumas jogadoras desempregadas, no sentido de apoiar. Mas aí vários patrocinadores entraram, eles deram um tempo e esperaram até 1997, querendo também fazer um projeto social. Isso vem até hoje em funcionamento junto com a equipe de alto rendimento, pois o esporte também é uma ferramenta interessante de transformação, iniciando jovens à prática esportiva e aos valores dela. É uma parceria que não só obteve grandes resultados esportivos, mas também social.

No período de 2000 a 2005 a Unilever não desistiu do patrocínio mesmo sem o time ganhar a Superliga. Isso demonstra uma visão diferenciada de patrocínio ao esporte?

Eu acho que sim. Ganhar a Superliga é resultado de um trabalho, mas ninguém vai fazer loucura. Nunca houve um investimento que não fosse condizente com aquilo que tem retorno nas nossas possibilidades. Sempre tivemos a noção do desenvolvimento das atletas, de fazer um bom trabalho e, embora o time não tenha vencido, chegava sempre entre os quatro, entre os três, brigando em semifinais. Faz parte do processo, você não vai ganhar sempre. Reestruturamos, investimos na vinda para o Rio de Janeiro e ganhamos quatro dos seis últimos títulos.

O Unilever sempre teve investimentos muito racionais. Nunca existiu aquela coisa de "vamos investir de qualquer maneira para vencer", pois acho que isso leva a uma situação onde o patrocinador vai embora se o resultado não acontece, tipo "não quero mais "brincar"". Estamos falando de 13 anos de projeto, onde o que existe realmente é o reconhecimento do trabalho.

Mas quando o time começou, em 1997, a ideia era fazer um trabalho tão longo?

A ideia era fazer o melhor trabalho possível. O time era formado pela Fernanda (Venturini), que era uma grande expoente, mas o resto a gente pegava "sobra" e fomos montando um time. Seria um carro-chefe para estimular as crianças, para os jovens do projeto social terem uma vitrine. Não sabíamos onde isso iria dar, mas acabou se transformando em um projeto de longo prazo. Hoje, a Unilever é o patrocinador há mais tempo está no voleibol brasileiro. Isso é significativo e espero que continue por mais tempo.

Fonte: Terra



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