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Federação Portuguesa de Voleibol e CBV parceiras em projeto


A Federação Portuguesa de Voleibol (FPV) e a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) estabeleceram recentemente uma parceria de apoio mútuo, no âmbito do Voleibol de Praia, que, numa primeira fase, permite às duplas canarinhas de masculinos e de femininos estagiar no nosso país, minimizando os prejuízos físicos e as dificuldades inerentes à preparação dos atletas provocados por longas viagens durante o decorrer do Circuito Mundial de Voleibol de Praia.

A primeira dupla a usufruir das condições de treino proporcionadas pelo Centro Municipal de Treinos de Volei de Praia, em Canidelo, Vila Nova de Gaia, com o apoio da Gaianima, Empresa Municipal, é a actual terceira classificada no ranking do Circuito Mundial.

Talita Antunes (28 anos) e Maria Elisa Antonelli (27 anos) estão em Portugal acompanhadas por uma equipa técnica composta por Abel Martins (Treinador), Felipe Bertozzi (Auxiliar-Técnico), Eduardo Ribeiro da Penha (Preparador Físico) e Luciana de Queiroz Peixoto (Fisioterapeuta).
A estadia em Portugal é supervisionada por Amilton Barreto de Barros Júnior, da CBV.
Nada é deixado ao acaso…

Após mais um treino intenso na praia gaiense, que foi seguido por Marcelino Calvo… ou Viseu – já que a sua família é oriunda dessa capital de distrito lusa –, o fisioterapeuta responsável pelas duplas de masculinos, que viajarão para o nosso país na próxima semana, Talita e Maria Elisa relembraram os momentos da década passada que passaram em Portugal, mais concretamente as etapas em Espinho e Porto Santo.

Talita Antunes (TA): "Sentimo-nos como em casa. Falamos português, a comida também é parecida com a nossa e gostosa. E é muito bom para nós podermos treinar diariamente numa semana em que não há etapas do Circuito Mundial".
Maria Elisa Antonneli (MEA): "Parece mesmo a nossa casa, até as pessoas são muito parecidas. Fomos muito bem recebidas aqui em Portugal e estamos a beneficiar deste trabalho em conjunto entre a Confederação Brasileira e a Federação Portuguesa.

Esta praia [Centro Municipal de Treinos] é excelente, a areia é fofa e boa para fazermos a nossa preparação. Estão reunidas todas as condições para conseguirmos o nosso objectivo: realizar uma excelente semana de treinos e estarmos bem preparadas para disputar a próxima etapa, na Polónia [17 a 22 de Maio].

TA: "As viagens são muito longas. Estávamos na China e voltar ao Brasil para ficar apenas alguns dias e depois regressar à Europa é muito desgastante e tira horas e mesmo dias aos treinos. Depois da etapa de Roma [Campeonato do Mundo, de 13 a 19 de Junho] vamos voltar para cá. O Brasil fica muito longe e prejudicamos o nosso rendimento. E aqui temos um local de treinos semelhante ao que temos lá".
MEA: "Desde que formámos a dupla, há dois anos, que procuramos sempre os melhores resultados e este ano queremos atingir as meias-finais e, quem sabe, as finais das etapas. Os dois quintos lugares não são excelentes, mas melhorámos o resultado do ano passado no Brasil e subimos ao pódio na China [em Sanya]. Sabemos que a nossa dupla é boa, somos a segunda dupla do Brasil, e que somos respeitadas pelas adversárias".

– Quais são os grandes adversários das duplas brasileiras?

TA: "Os Estados Unidas, a China, a Alemanha, a Grécia tem uma boa dupla, a Holanda, que está a fazer um grande trabalho e acabou de ganhar, pela primeira vez, uma etapa do Circuito Mundial [Xangai, na China].
Esses países estão de parabéns pelo seu trabalho. As equipas de Voleibol de Praia estão a mostrar muito profissionalismo, estão a renovar-se e a evoluir muito bem. Isto está a elevar o nível do Voleibol de Praia, que está mais forte e apetecível aos patrocinadores. Torna-se evidente que as medalhas olímpicas vão ser disputadas por muitas duplas e de vários países".

MEA: "A Walsh e a May regressaram e isso é muito bom para o Voleibol de Praia, mas, infelizmente, a May lesionou-se. O Torneio AVP [Associação de Profissionais de Voleibol] nos Estados Unidos deixou de existir e as duplas norte-americanas estão em força no Circuito Mundial.

Este ano já ganharam a prata e o bronze e ninguém tem dúvidas de que são os adversários a bater".

– E o que faz correr esta credenciada dupla?

TA: "O maior objectivo, sem dúvida, é a qualificação olímpica para Londres. Para isso acontecer, teremos de chegar sempre às meias-finais das etapas do World Tour. É uma boa briga, porque são equipas muito fortes.
MEA
: "Os treinos aqui em Gaia têm sido bons. Já vimos que é melhor treinar com bola na parte da manhã (8h00) e à tarde fazer um treino mais físico, que é muito importante para entrarmos preparadas em qualquer competição e situação.

O clima tem estado excelente, nem sol de mais, nem frio. Está numa temperatura perfeita e estou adorando. Portugal e Brasil foram sempre unidos e a Confederação do Brasil, juntamente com a Federação Portuguesa, criou-nos as melhores condições. Temos connosco o treinador, fisioterapeuta, preparador físico e um Supervisor. E creio que temos tudo para tornar 2011 o melhor ano da nossa dupla".

Talita Antunes começou a praticar Voleibol aos 14 anos, enquanto Maria Antonelli foi mais precoce, tendo-se iniciado na modalidade aos 8 anos de idade.

Abel Martins: "Este projecto já está a frutos"

Abel Martins, treinador da dupla Talita/Antonelli, tem raízes portuguesas, que tenta aprofundar sempre que se desloca ao nosso país.

Abel Martins (AM): "Já cá tinha estado em competições anteriores organizadas pela Federação Portuguesa de Voleibol. Portugal faz parte da nossa história. A minha família inteira é portuguesa, o meu pai é de Trás-os-Montes e a minha mãe é da Beira Alta, e tenho cá amigos, como o Miguel Maia.
Agora, surgiu esta oportunidade, devido ao investimento que a Confederação está a realizar no Voleibol de Praia, e nós estamos a adorar, pois viemos da China, numa viagem muito ruim, e aqui estamos praticamente no Brasil. Alimentamo-nos muito bem, falamos a mesma língua, as pessoas têm o mesmo jeito dos brasileiros e a impressão é a melhor possível".

– Quando é que se prevê que o projecto federativo de apoio ao Voleibol de Praia dê resultados palpáveis?

AM: "Este projecto já está a dar frutos. Estou contente pelo facto de a Talita e a Maria serem as primeiras a usufruir destas condições e os resultados estão já a aparecer. Optámos por não viajar para o Brasil, por a viagem ser longa, e independentemente do resultado desportivo, o resultado físico e psicológico já está a ser um sucesso.
Agradeço muito à Confederação do Brasil e aos nossos primos portugueses, que nos abriram todas as portas para que nos sentíssemos em casa. Já nos reconhecem até quando vamos ao Shopping, isso dá um ar acolhedor e é óptimo para a Talita e a Maria".

– E até onde poderá chegar esta jovem mas experiente dupla?

AM: "O nosso maior objectivo é garantir uma presença nos Jogos Olímpicos de Londres; não podemos deixar de pensar nisso em todos os momentos.
Nessa corrida, brigamos muito com os brasileiros, mas isso deve-se ao regulamento e não há nada a fazer.
Neste momento, podemos dizer que a dupla tem duas faces: o lado ruim é que ainda não estamos ao nosso nível, o lado bom é que ainda temos muito para evoluir.
Quando formaram a dupla, em 2009, elas conseguiram atingir rapidamente o pico da forma, e isso agora não está acontecer, mas não é só por sua causa, as outras duplas também melhoraram, sobretudo as europeias, que souberam estruturar-se.
É lógico que o Brasil é e vai ser sempre uma referência no Voleibol mundial. Os outros países «aprenderam» muito com o Brasil como organizar-se e formar boas duplas. E o Voleibol de Praia cresceu no mundo inteiro.
Por outro lado, como acabou o Campeonato Americano (AVP), as duplas norte-americanas, para jogarem ao mais alto nível, têm de defrontar equipas brasileiras e europeias e, como tal, disputar o máximo de etapas do FIVB World Tour.
A evolução quer das duplas europeias, quer chinesas, não surgiu do nada. Foi pensada e estruturada há mais de dois anos e meio para agora colher frutos. Perdemos com uma dupla holandesa, que já conhecíamos bem, mas as holandesas estão mais fortes do que há três anos, organizaram-se e tornaram-se profissionais no Voleibol de Praia, já não é uma brincadeira depois de sair do Indoor".

Amilton Barros Jr.: "Atletas talentosos têm agora todas as condições"

Amilton Barros Junior é o Supervisor destacado pela CBV para zelar pela comitiva brasileira.
Homem de grande experiência no desporto – foi jogador de Voleibol e recordista estadual do Decatlo, bem como dirigente desportivo –, Amilton Junior salienta o poder de visão da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV).

Amilton Barros Júnior (ABJ): "O projecto da Confederação Brasileira de Voleibol tem como objectivo dar todo o apoio e as melhores condições de treino para as duplas que estão a disputar a qualificação para os Jogos Olímpicos de Londres 2012.
Então, seleccionámos quatro duplas de femininos e quatro de masculinos, a quem estamos a dar apoio, embora essas duplas não se possam sentir completamente titulares. Elas vão disputar o Circuito Mundial e a cada período de três meses serão avaliadas no seu desempenho e podem mesmo vir a ser substituídas.
As quatro primeiras posicionadas, as que estão em melhores condições, vêm para Portugal.
Se, porventura, outra dupla que não está a receber este apoio da CBV superar uma destas duplas, poderá haver uma troca, de acordo com o estipulado pelo Presidente Ary Graça".

– E qual a importância de ter uma base brasileira na Europa?

ABJ: "A maior parte das etapas do World Tour são situadas na Europa e o objectivo do Dr. Ary, ao criar este projecto, aproveitando a excelente relação entre os nossos povos e principalmente entre a CBV e a Federação Portuguesa, é minimizar os prejuízos causados pelas longas viagens.
Se no intervalo de uma etapa para a outra, todas as duplas tiverem que ir ao Brasil, isso vai acarretar uma quantidade de horas de voo muito grande. E o voo é um grande inimigo do atleta. Com um voo que vai da Europa para o Brasil, de 10, 12 horas ou mais de duração, dependendo do ponto de partida, o atleta não se alimenta bem, não dorme bem e qualquer ser humano durante um voo sofre um processo de desidratação forte, além da necessidade de adaptação aos diferentes fusos horários.
Essa ideia da criação de uma base em Portugal, é para diminuir a necessidade desses voos. Os atletas mais antigos estão muito acostumados a ir para o Brasil, mas estamos, pouco a pouco, a procurar mostrar-lhes as vantagens de ficar aqui em Portugal, com alimentação excelente, um povo caloroso, receptivo e as condições de trabalho maravilhosas que temos aqui, pois podemos usufruir de salas de musculação, de campos de treino na praia e de todo o apoio que a Federação Portuguesa nos estar a dar.
Pela amizade e pelo carinho mútuo entre as duas comunidades do Voleibol, as duplas portuguesas sabem que podem contar com o apoio do Voleibol brasileiro nos seus mais diversos empreendimentos no sentido de crescer no panorama internacional".

– Antigo atleta de Voleibol e do Decatlo, como é que Amilton Barros Júnior vê a forma como o desporto de alto nível é encarado hoje em dia?

ABJ: "Vejo essa mudança, essa evolução, com muita alegria porque no meu tempo isto era apenas um sonho. Tínhamos que comprar o nosso próprio calçado, a bola, trabalhávamos e/ou estudávamos na Universidade durante o dia e à noite, já cansados, é que íamos treinar. Hoje não, existe um profissionalismo que possibilita, através de prémios, de patrocínios, de subsídios de entidades públicas e privadas, um apoio aos atletas talentosos, que agora têm todas as condições para treinar no sentido de obter um rendimento de alto nível e atingir os melhores resultados que o talento de cada um possibilita".

– Quais são os maiores rivais dos brasileiros?

ABJ: "Historicamente, a grande briga do Voleibol de Praia sempre foi entre o Brasil e os Estados Unidos. Se virmos os resultados dos mundiais e dos Jogos Olímpicos, vamos ver que quem disputava os títulos eram sempre os brasileiros e os norte-americanos. Mas este panorama está a mudar e de que forma! Os países todos, os comités olímpicos, as federações desportivas estão a começar a perceber que o Voleibol de Praia é uma modalidade valiosa, pois proporciona quatro medalhas olímpicas, enquanto o Voleibol Indoor proporciona duas, à semelhança do basquetebol, do andebol e do próprio futebol.
Como proporciona quatro medalhas, muitos comités olímpicos estão a voltar as suas atenções para o Voleibol de Praia, que tem cada vez mais visibilidade em todo o mundo.
Actualmente, vemos que a China, a Alemanha, a Itália, a Rússia, a Holanda e a Espanha estão com atletas de altíssimo nível e todos a trabalhar nesse regime de Selecção Nacional, unidos no amor à bandeira do seu país.
A ideia do Presidente da CBV é precisamente essa: unir os nossos atletas de Voleibol de Praia em torno de um objectivo único comum, que é tentar colocar o Brasil no pódio e ganhar essas medalhas para o Brasil".



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