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Ana Lúcia se reinventa no vôlei sentado após 12 anos parada no volei sentado

O joelho esquerdo sempre foi um obstáculo na carreira de Ana Lúcia. Com duas Olimpíadas pela seleção brasileira no currículo (Seul1988 e Barcelona1992), a paulista se aposentou pela primeira vez aos 28 anos devido às dores. Ainda tentou voltar anos depois e atuou como líbero até 1999, mas a limitação dos movimentos e saudade dos tempos em que podia atacar a fizeram parar mais uma vez. Agora, aos 45 anos e com quatro cirurgias no local, Ana Lúcia busca, no vôlei sentado, voltar a escrever sua história com a camisa do país.

vôlei sentado ana lucia barros  (Foto: Adolfo Vargas)Ana Lúcia (ao centro) comemora pontocom as colegas: CPSP é vice campeão brasileiro (Foto: Adolfo Vargas)

Há quatro meses, a ex-atleta recebeu um convite de Amauri, campeão olímpico com a seleção masculina em 1992 e atual técnico da seleção paraolímpica, para se arriscar no vôlei sentado. O CPSP (Clube dos Paraplégicos de São Paulo) queria montar um time feminino, mas faltava material humano. Ana Lúcia não só aceitou o desafio como levou uma amiga para o clube, e passou a treinar também com a equipe masculina para recuperar a forma física e técnica.

No fim de junho, a equipe recém-formada foi vice-campeã brasileira na modalidade. Mas, mesmo com os resultados aparecendo, a esportista não consegue relaxar.

 Ana Lúcia Barros vôlei (Foto: Arquivo Pessoal) Na seleção, Ana Lúcia jogou com Adriana Samuel e
Ana Moser, entre outras (Foto: Arquivo Pessoal)

- Foi um excelente resultado, mas ainda estou entrando ainda nova rotina, na realidade. Apesar de todo mundo achar que é igual ao vôlei, é muito diferente. Não me adaptei plenamente ainda. Sinto muita falta de preparo físico, pois já não temos mais meus vinte anos. E sofro muito porque sempre me cobrei demais. Penso que não posso errar quando a bola chega em mim. Como posso errar se estou lá para ajudar? Mas estou revendo isso. Sei que não tenho como acertar 100%, até porque ainda não temos conjunto e a bola chega ruim. Estou me esforçando para não me cobrar como fazia quando estava no auge. É outra realidade. Acho que já estou melhorando em relação a isso.

Ana Lúcia trabalha a cabeça não apenas para o próprio bem, mas para dividir a experiência com as novas companheiras. Apesar de não ser considerada deficiente ou mutilada, a paulista ainda tem limitações de movimento. Há dois anos, antes da última cirurgia que sofreu, a artrose a impedia de realizar tarefas simples do dia a dia, como subir degraus e se abaixar para brincar com as filhas Ana Clara e Ana Carolina, por exemplo.

vôlei sentado ana lucia barros  (Foto: Adolfo Vargas)

Recuperando parte da qualidade de vida, a jogadora quer mostrar que é possível voltar a se sentir produtivo e buscar satisfação de formas alternativas.

- Algumas pessoas que sofreram amputações depois têm uma certa vergonha, e o esporte é muito generoso nesse sentido. Ele deixa todo mundo em uma condição igual. Tenho uma abertura muito legal com os meninos e encaro de maneira natural. Para mim não é algo pesado quando eles querem falar sobre as amputações. No caso dos jovens, até superam mais rápido a questão da vaidade. Para quem sofreu um acidente, por exemplo, é uma forma de se integrar e sentir pleno de novo.

vôlei sentado ana lucia barros  (Foto: Adolfo Vargas)

Enquanto treina com a equipe sem calendário definido para os próximos desafios, Ana Lúcia sonha alto. Mesmo com o pouco tempo no vôlei sentado, espera ser lembrada pela comissão técnica brasileira para vestir novamente a camisa do país em um torneio internacional.

- Fazer um esporte que não é o seu com 45 anos em nível competitivo é um grande desafio. Mas é lógico que, competitiva como sempre fui, assim que voltei às quadras pensei em defender a seleção. Até porque, quando me chamaram, disseram que teria condições de defender o Brasil de novo em um Parapan ou uma Paraolimpíada. Tem muitas coisas no meio e não depende só de mim. Mas vontade não me falta.

Para disputar essas competições, a jogadora depende de como sua lesão será classificada. Em setembro, Ana Lúcia pode receber boas notícias.
 

Font: GLOBO.COM



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