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Algozes do Brasil em 2007, cubanas superam exílio e brilham na Superliga


Disputar uma edição das Olimpíadas pode ser o ponto alto de uma carreira inteira. Imagine alcançar este objetivo aos 24 anos e, mesmo com perspectiva de fazer ainda melhor em eventos futuros, desistir de defender as cores do país para sempre. Esta foi a decisão solitária e consciente de duas cubanas que, após serem algozes do Brasil no Pan de 2007 e ficarem em quarto lugar nos Jogos de Pequim, optaram por cumprir um prazo de dois anos sem jogar para depois tentar a sorte longe de casa. Hoje, quatro anos depois, Daymi Ramirez e Yusleyni Herrera colhem os frutos da escolha corajosa com a camisa do Minas e figuram como as duas maiores pontuadoras da Superliga feminina 2011/12.

montagem vôlei Daymi e Herrera (Foto: Divulgação)

Em Cuba, a legislação prevê que os atletas que desistem de competir pelas seleções nacionais devem ficar dois anos afastados de todos os níveis de disputa em suas respectivas modalidades. Vencido o prazo, é necessário ainda encarar uma maratona burocrática nos serviços de imigração para conseguir deixar a ilha. Apesar do tempo que ficaram sem poder atuar nas quadras, as duas cubanas não se arrependem da opção que fizeram.

Yusleyni soma 125 pontos e é a atacante mais eficiente com 29,44% de aproveitamento

- Acho que a seleção foi uma parte da minha carreira. Alcancei meus objetivos e deixei o resto para trás. Decidi buscar outra vida. Não sinto falta daquela época. Agora estou tranquila e feliz. Tive que me acostumar a jogar em outro sistema, mas para quem tem força de vontade, não é difícil. Sempre trabalhamos duro, e agora o resultado está vindo por ele mesmo. Aqui temos uma estrutura boa, e tudo fica mais fácil. Todo o esforço vale a pena – disse Daymi, que na última temporada foi a quarta maior pontuadora da Superliga com a camisa do Praia Clube e já 110 nesta edição.

Daymi vem em segundo com 110 acertos e 21,88% de aproveitamento no ataque

Contemporâneas, as duas atacantes do clube de Belo Horizonte deixaram a seleção no mesmo período, mas garantem que não dividiram o pensamento em comum. Nem entre elas e nem com outras companheiras do plantel nacional. Com a constante vigilância para evitar a deserção de atletas, o medo de arranjar problemas com o governo fez com que o desejo fosse compartilhado apenas em família, já que, com o afastamento forçado do esporte, precisariam de apoio em casa, sobretudo no aspecto financeiro.

Seleção de Cuba campeã do Pan 2007 no Rio de Janeiro (Foto: EFE)

Na opinião de Herrera, caso não haja nenhuma mudança significativa nesta política, a tendência é que a situação continue se repetindo com as próximas gerações do vôlei no país.

- Não sei se todas pensam assim. Eu penso por mim e tomei uma decisão própria. Conversei apenas com a minha família, pois todos têm um pouco de medo quando têm vontade de sair. Mas eu queria ter minha vida profissional. Quando viajamos vemos como é a rotina de outros atletas, e tive o entendimento que era o melhor a ser feito depois de alguém tempo. Se você quiser manter o alto nível, tem que buscar algo mais. Se fosse um país capitalista, daria para defender a seleção e jogar em uma liga mais forte no exterior. Mas, já que não pode ser assim, se não mudarem, vai ser cada vez mais comum ver atletas por pouco tempo na seleção.



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