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Censura faz jogadores de vôlei cogitarem a criação de um sindicato de atletas

willian-sada-450x338Alexandre Arruda/CBV

Willian foi um dos destaques da campanha que levou o Sada Cruzeiro ao vice da última Superliga; receoso, ele prometeu se calar após o time ser advertido


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Tudo começou com uma crítica do levantador William Arjona, do Sada Cruzeiro, à arbitragem da partida em que sua equipe foi derrotada pelo Minas por 3 sets a 2, no último dia 14. Irritada com o comentário, a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) mandou uma advertência para o clube por ter infringido o regulamento da Superliga, que proíbe "críticas depreciativas ou que denigram" juízes, a imagem do torneio ou da CBV.

Foi o que bastou para diversos jogadores do porte de Gustavo, Murilo e Bruno, todos da seleção brasileira, iniciarem um debate via Twitter sobre a situação dos atletas. A ideia é criar um sindicato que os façam ter mais representativa diante dos dirigentes e combater a falta de liberdade de expressão imposta pela regra.

Filho do técnico Bernardinho, o levantador Bruno foi um dos mais contundentes na troca de mensagens, realizada publicamente no dia 20 de janeiro. Ao se referir a Arjona, ele tentou iniciar o movimento:

- Se nossa confederação ao menos escutasse o que os atletas têm pra dizer, de repente as coisas melhorariam! Concordando ou não, todos temos o direito de opinar!!! E expor nosso ponto de vista! Está na hora de um sindicato de atletas!!! Acho que seria uma proteção geral! Em relação a confederação e clubes! Mas também uma forma de expor algumas idéias!

A ideia, na verdade, não é nova. Desde que voltou a jogar no Brasil, em 2009, o central Gustavo fala da necessidade de haver uma maior união entre os atletas. Até hoje, nada efetivamente foi feito, mas o jogador voltou a manifestar sua opinião através da rede social:

- Ainda acho que a culpa é nossa por não termos representantes nas reuniões dos clubes e CBV. Não adianta responsabilizar os árbitros se depois dos jogos eles não reveem os erros. Enquanto os árbitros não forem profissionalizados, consigam viver só disso, será assim... Temos que melhorar a nossa relação com a CBV, estarmos presentes nas reuniões, trocar opiniões com os árbitros, enfim fazer a Superliga melhor...

Irmão mais novo de Gustavo e eleito o melhor jogador do mundo em 2010, Murilo engrossou o coro, mas também advertiu que os atletas devem mudar a postura em quadra:

- (Se a Confederação) de alguma forma punisse também a arbitragem que nem sempre está certa e não somente os jogadores!!! Eu nunca vi um arbitro se quer ser punido, alguém já viu??? Nunca!!! Não vai ser uma revolução somente um representante que possa argumentar e defender os jogadores. Às vezes exageramos na reclamação, temos que nos policiar e criar uma regra entre atletas afinal de contas a equipe adversária não tem culpa caso o arbitro erre!!

Arjona, por sua vez, deixou clara a sua indignação com a punição, reclamando de "um país onde a sua liberdade de expressão e a sua verdade é aceita até o ponto que... não incomode aqueles que estão no poder ou se acham superiores". Porém, receoso de causar mais uma punição ao Sada Cruzeiro, ele prometeu se calar:

- Não farei isso por mim, porque estaria indo em contra ao meu caráter, mas por defender uma instituição que poderá ser prejudicada... Assim funciona a nossa democracia, não é? Nossa liberdade? Infelizmente assim me comportarei daqui em diante, não opinando diante de barbáries.

Na sequência, o levantador retuitou diversas mensagens de apoio que recebeu, entre elas a do líbero Serginho, que joga no Minas e é homônimo do líbero do Sesi e da seleção brasileira:

- Em pleno século XXI lembramos da ditadura! Liberdade de expressão? A frase mais apropriada é: manda quem pode, obedece quem tem juízo. Fato!


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