Caracterizando as ações de oposição e cooperação
No voleibol devido ao fato da ação de bloquear ser realizada com pouco deslocamento ou até mesmo nenhum, o ataque tende a ter maior êxito, porque o atacante executa este fundamento deslocando-se mais facilmente. Para tentar diminuir esta superioridade do ataque, o jogador/bloqueador, deve realizar uma série de percepções relativas ao adversário (oposição) e considerar outras relacionadas à própria equipe (cooperação). Segundo Serenine, Freire e Noce (1998), o que o iniciante deve perceber, em relação à equipe adversária, são as características dos atacantes (altura, estilo, tendência/direção), possibilidade de ataque de fundo, características e tendências do levantador na distribuição, posicionamento do levantador, movimentação dos atacantes e tipo de levantamento efetuado. No debate junto ao grupo de trabalho achamos relevante inserir outra percepção, no caso, quem e quantos são os atacantes.
Em relação à própria equipe o grupo achou pertinente uma observação, não citada pelos autores, referente à armação do bloqueio, ou seja, se há possibilidade de bloqueio duplo ou em algumas circunstâncias o triplo (alto rendimento).
Elementos relativos à oposição
Os elementos que devem ser levados em consideração pelo bloqueador, referente à equipe adversária, possuem o objetivo de interceptar o ataque oponente ou facilitar as ações de seus companheiros no momento de defender. Estas observações relativas à equipe adversária são fundamentais para o êxito desta ação (bloquear). A compreensão desses elementos facilitará em muito a ação do bloqueio bem como a melhora do entrosamento por parte do bloqueio e da defesa que devem ter uma boa comunicação para obter um maior grau de sucesso nas ações de defesa da equipe.
Leitura do jogo adversário
Análise antecipada
Característica dos atacantes (altura): a visualização da estatura dos atacantes torna-se relevante para a realização do bloqueio. Considerando esta característica, o aluno/bloqueador, poderá optar por um bloqueio visando interceptar o ataque ou amortece-lo, facilitando o trabalho dos jogadores de defesa.
Possibilidade do ataque de fundo: na iniciação dificilmente teremos um aluno/jogador capaz de executar este tipo de ataque, devido ao alto grau de exigência técnico/tática. Já em equipes mais preparadas técnico-taticamente, é comum ter atacantes de fundo para surpreender o bloqueio. Quando o levantador estiver na zona de defesa este deverá infiltrar. Desta forma, terá a opção de três atacantes na zona de ataque e a possibilidade do ataque dos três metros. Quando o levantador estiver na zona de ataque possui além de dois atacantes da rede, mais o ataque de fundo. Cabe ao bloqueador identificar a existência ou não deste jogador, considerando este elemento no Processo de Tomada de Decisão.
Posicionamento do levantador: nesta situação, o bloqueador deve observar se o levantador adversário encontra-se na zona de defesa ou ataque, condição que irá implicar no número de atacantes na rede (2 ou 3). Caso o levantador encontre-se na zona de ataque, existirá a possibilidade da bola ser passada de segunda, além dos ataques de rede e de trás da linha dos três metros. Caso ele encontre-se na zona de defesa, a opção de ataque da bola de segunda pelo levantador é ineficiente já que este não poderá atacá-la acima do bordo superior da rede. Por outro lado, nesta situação haverão três atacantes na rede. Na iniciação dificilmente ocorre o caso infiltração do levantador, o jogador que se encontra no meio da rede geralmente executa a função de levantador.
Quem são e quantos são os atacantes: Antes de começar o rali, os jogadores que farão parte do bloqueio deverão observar quais são os atacantes da rede e onde eles executarão o ataque, bem como, quantos estão na zona de ataque. Na iniciação o ataque contará apenas com os atacantes de ponta entrada e saída, dificilmente existirá o ataque de fundo devido ao grau de dificuldade dessa ação.
Análise Situacional
Movimentação dos atacantes: O aluno deverá observar a movimentação dos atacantes para marcar a região onde possivelmente ocorrerá o ataque. Isso fará com que o bloqueador não "caia" na finta do atacante. Na iniciação a movimentação normalmente é mais simples não envolvendo finta.
Características dos atacantes: essa questão refere-se às características técnicas. Através desta percepção, o bloqueador tentará interceptar o ataque pelo movimento de tronco, braço e palma da mão do atacante. Na iniciação os recursos dos atacantes são menos variados, mas devemos salientar que a leitura no momento da ação deve ser realizada para o êxito do bloqueio.
Características do levantador: neste ponto, o aluno deve observar se o levantador adversário possui a capacidade de executar o levantamento em diversas direções, pois na iniciação, o levantamento geralmente é executado para frente devido à limitação técnico-tática. Quando os recursos do levantador são maiores, no caso de categorias superiores, há a possibilidade de levantamentos de frente, de costas, de trajetórias diferentes (baixa, média e alta), distâncias diferentes em relação à rede (perto e longe) e de diferentes velocidades (de tempo e chutada).
Tipo de levantamento: esta é uma observação muito difícil de ser feita, pois ocorre em frações de segundo. O bloqueador deve estar concentrado observando o levantador no momento da ação e somente depois do toque dele na bola, é que poderá identificar o tipo de levantamento executado (alto, médio, chutado, perto ou longe da rede, entrada ou saída...). Através da observação dos movimentos corporais, pode-se perceber a intenção do levantador, mas esta percepção ocorre somente com a evolução técnico-tática do aluno e o aprimoramento da capacidade de leitura do jogo. Existe ainda a possibilidade do levantador, quando encontrar-se na zona de ataque, abrir mão do levantamento e executar um ataque de segunda.
Conhecimento técnico-tático prévio do adversário
Características dos atacantes: neste ponto, toda a equipe deve observar as características dos atacantes adversários, através de jogos gravados ou outros meios disponíveis, pois todos os jogadores executarão o bloqueio durante a partida. As características que devem ser observadas são: tipo de ataque mais executado e os recursos técnico / táticos empregados durante o jogo. Estas observações são importantes para saber se o jogador adversário possui habilidade para atacar na diagonal e paralela, se usa a largada, etc.
Atacantes mais requisitados: saber quem são os jogadores mais requisitados, ou os que possuem maior porcentagem de acerto durante o jogo, facilitará a ação do bloqueio. Com esta observação, a equipe pode optar em fazer uma marcação do bloqueio mais atenta a estes jogadores. Tanto na iniciação como no alto rendimento, existem jogadores que chamamos de atacantes de segurança, que na hora de decidir o lance, a bola é levantada para este jogador. Cabe aos jogadores identificar quem são os jogadores com essa competência.
Elementos de cooperação: características técnico-táticas e ações combinadas previamente da própria equipe
Armação do bloqueio: existem três possibilidades de ações do bloqueio: simples, duplo e triplo.
Na iniciação o bloqueio simples e duplo são mais utilizados, o bloqueio triplo é mais difícil para os aprendizes pelo alto grau de aprendizado técnico / tático necessário e por envolver também grandes deslocamentos. O bloqueio triplo pode ser ensinado só que sua aplicação é mais complexa, sendo difícil de acontecer por causa das jogadas serem com bolas médias na ponta, mas é interessante como desafio aos alunos.
Se não houver a possibilidade de bloqueio duplo, cabe ao aluno decidir se deixa à paralela ou diagonal como opção para o ataque. Neste caso, o conhecimento das tendências do atacante é muito importante, e também a disposição de sua defesa. No caso da possibilidade do bloqueio duplo, cada jogador tem uma função, um marca a diagonal e o outro a paralela.
Independente da função os bloqueadores devem estar entrosados para não ocorrer erro de armação do bloqueio (bloqueio quebrado, espaços entre os bloqueadores, etc) ou até choques entre companheiros de equipe.
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