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Na Turquia, Fabizona vê Brasil com “grandes chances” de novo ouro olímpico


Com 27 anos completados no último dia 24, a meio de rede Fabiana Claudino já conseguiu de quase tudo em sua carreira no vôlei: títulos da Superliga, medalha de ouro olímpica, posto de capitã da seleção brasileira… uma das últimas barreiras foi quebrada nesta temporada, quando ela finalmente realizou o sonho de atuar fora do país e foi defender o Fenerbahce, da Turquia.

Na Europa, Fabiana tem sido peça importante na boa campanha do time esta temporada. Sob o comando de José Roberto Guimarães, o Fener, como o clube é carinhosamente chamado, lidera o campeonato local de forma invicta e passou pela primeira fase da Champions League com a segunda melhor campanha até agora. A brasileira é a terceira melhor bloqueadora do torneio, de acordo com as estatísticas oficiais.

Apelidada de Fabizona devido aos seus 1,93 m, 26 centímetros a mais que sua homônima na seleção, a líbero Fabi, a jogadora garante estar "tirando de letra" a vivência em um país de cultura tão diferente. A exceção, claro, fica por conta do frio e do idioma. Nada, porém, que a impeça de já ter aprendido a palavra "desconto" e se surpreender com a quantidade de gatos na rua.

Ao falar da seleção brasileira, Fabizona admite que o time jogou abaixo do esperado em 2011, quando terminou a Copa do Mundo apenas em quinto lugar e perdeu a primeira chance de se classificar para a Olimpíada. Ela atribui o mau momento ao desgaste das competições no ano passado e à ausência de três jogadoras (Fernanda Garay, Natália e Jaqueline) por contusão, mas ela assegura que o grupo está consciente de suas dificuldades e vê o Brasil com "grandes chances" de, na Olimpíada, faturar mais um ouro.

Confira abaixo a entrevista exclusiva de Fabiana ao R7:

R7 - Como têm sido estas primeiras semanas na Turquia, sua primeira experiência em um clube do exterior? O que mais te chamou a atenção por aí?
Fabiana – Aqui na Turquia está tudo tranquilo, tirando o idioma que é muito diferente do nosso, o resto tiro de letra. Tenho ótimas companheiras no time, que me ajudam nessa adaptação. Tirando o frio, está tudo ótimo (risos).

Fiquei impressionada com a quantidade de gatos que existem nas ruas, nossa, nunca tinha visto uma quantidade de gatos nas ruas como vejo aqui. E outra coisa que me chamou muito a atenção é a torcida: os torcedores ficam enlouquecidos, lotam os ginásios e não param de torcer nem um minuto.

R7 – E a língua, clima, diferenças culturais…? Já viveu alguma situação engraçada por conta disto?
Fabiana – Nossa, o que me pega aqui é o frio, essa é uma parte que não gosto nem um pouco e é muito engraçado porque saio de casa sempre com um monte de blusa e as meninas olham e dão risada…

A língua com pouco tempo não dá para aprender, é muito difícil. Só sei algumas coisas, como "Bom dia", "Boa Noite", "Olá, como você está?" etc… palavras básicas para ser educada com as pessoas. Uma palavra que aprendi logo no primeiro dia foi "indirim", que significa "desconto".

A cultura aqui é muito legal, é uma experiência única. Ainda não tive oportunidade de conhecer muita coisa, mas o pouco que conheci,achei maravilhoso e aqui o que não falta depois das refeições é o chá turco, que é uma delícia!

R7 – Devido ao calendário de jogos, você passou as festas de final de ano bem longe do Brasil e de sua família. Como foi esta experiência?
Fabiana – Achei que ia ser muito difícil, porque sempre passei junto com a minha família. Mas aconteceu uma coisa "boa": tivemos uma partida no dia 25, então passou um pouco mais rápido. Aqui na Turquia, eles não comemoram o Natal, então aliviou um pouco a saudade.

R7 – O que mais tem aprendido como jogadora, tendo agora ao lado e no dia a dia feras como a Logan Tom (americana), a Sokolova (russa) e a Kim Yeon-Koung (coreana), entre outras?
Fabiana – Aqui a gente aprende muito e é cobrado o tempo todo. Conviver com essas meninas está sendo uma experiência ótima, onde eu aprendo coisas diferentes no dia a dia. É muito interessante ver como elas treinam, do que elas gostam, das coisas que dividimos em quadra…

Me tornei muito amiga da Logan e da Kim. A Logan é uma pessoa maravilhosa com um coração incrível, que me ajuda muito pelo fato de ela falar português. Ficarmos muito próximas, ela é minha professora de inglês (risos). Estou aprendendo muito com ela dentro de quadra e fora, é uma experiência única.

Com a Kim não tem tempo ruim: viramos muito amigas. É uma pessoa sensacional, com o jeitinho brasileiro, e sem contar que é uma excelente jogadora. Já faço até parte da família dela, são uns amores de pessoas… só falam coreano, mas ainda bem que inventaram o tradutor (risos).

R7 – Na Copa do Mundo do ano passado, a seleção jogou notavelmente abaixo do que poderia. O que houve, em sua opinião?
Fabiana – Achei um ano muito desgastante, onde tentamos aproveitar todos os campeonatos e jogar o maior número de jogos juntas para acertar cada vez mais a equipe. Só que na Copa do mundo não estávamos muito bem, ainda mais que faltaram três jogadoras muito importantes.

Mas isso foi passado e tenho certeza que o grupo teve uma experiência muito grande, onde nos mantivemos juntas e unidas dando força uma para outra até o final. Esse grupo é maravilhoso !

R7 – Até que ponto você acredita que as contusões da Natália, da Fê Garay e da Jaque afetaram o time?
Fabiana - Acredito que as contusões tiveram um grande peso nesta reta final, pois elas são jogadoras importantes e, por coincidência, da mesma posição. Também foi um ano com muitas competições contribuindo para um estresse maior.

R7 – Em 2010, o Brasil também sofreu com a ausência da Paula e da Mari e mesmo assim jogou bem a ponto de quase ganhar o Mundial. Qual a diferença entre as duas situações?
Fabiana – Era uma época diferente em todos os sentidos: hoje, os adversários se encontram bem mais fortes e preparados pra jogar contra a gente.

R7 - O quanto o fato de vocês entrarem 2012 sem a vaga em Londres pode afetar a preparação para a conquista do bicampeonato? Ainda estamos em janeiro, temporada de clubes rolando, mas a cabeça já começa a pensar na Olimpíada?
Fabiana – É certo que vamos perder no tempo de preparação, mas agora temos que enfrentar essa situação. E claro que pensamos, mas cada coisa no seu tempo. Todas nós temos uma responsabilidade em nossos clubes, acredito que todas devam estar empenhadas ao máximo e, como consequência, estaremos bem para a reapresentação na seleção.

R7 – Agora, na condição de campeã olímpica e capitã do time, sente que a responsabilidade será maior? Como vocês pretendem encarar o desafio chegando com um status superior ao de Pequim?
Fabiana – A dificuldade é ainda maior, todas as equipes melhoraram bastante e temos consciência que temos que fazer mais este ano. Nossa seleção é vista como uma das favoritas e todos se preparam muito para jogar contra o Brasil. Mas, se conseguirmos estar todas focadas e bem fisicamente temos grande chance de chegar lá.

Carolina Canossa, do R7



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