Depois do vice no ano passado, William engolia a seco cada provocação. Ouvia pelas ruas de Belo Horizonte que o Cruzeiro jogava bem, mas que não sabia decidir. Como a Seleção Brasileira de futebol de 1982. O jogador esperou uma temporada para dar sua resposta. Eleito melhor em quadra na final contra o Vôlei Futuro, o levantador, chamado de "mago" nos anos que passou na Argentina, comemorou o primeiro título do time na Superliga.
- Diziam que o nosso time era como a Seleção Brasileira da Copa de 1982: jogava bonito, mas não ganhava. Mostramos que não. Jogamos bonito e ganhamos. Isso é legal. Fica fácil jogar com esses craques.
Quando William saiu de quadra, não lembrava detalhes de uma jogada sequer. Nenhum levantamento, nenhum lance específico. O levantador disse que cada movimento seu foi espontâneo. Característica apreendida nos quatro anos que jogou na Argentina.
- Eu nem lembro de jogada nenhuma. Tudo o que eu faço em quadra, todos os passes, levantamentos, é tudo instantâneo. Se você falar de alguma jogada específica, eu não vou saber. Eu tento distribuir para quem estiver melhor. Eu deixo tudo o que tenho em quadra. Minha vontade, meu coração. Aprendi isso na Argentina. Eles têm essa frase: "Dejar todo en la cancha". Gosto disso. Estou esgotado. Nem tanto fisicamente, mas mentalmente.
Para o levantador, o título foi na base da vontade. William acredita que, em uma final, a técnica não importa tanto. O que vale é a entrega.
- É um jogo diferente. Foi no coração mesmo, na vontade. Nessas horas, você esquece a técnica um pouco. O time se portou como campeão.
Autor do penúltimo ponto do Cruzeiro na partida, William enfureceu os rivais ao correr pela quadra, vibrando. O levantador diz que não foi nenhuma provocação.
- Se eles entenderam assim, eu peço desculpas. Fiquei apenas feliz com o ponto que eu marquei e quis chamar a minha torcida para o jogo. Estava querendo festejar, não quis provocar ninguém. Sou extremamente profissional nesse ponto.
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