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Entrevista do Marlon ao UOL Esporte


UOL Esporte: Já está acertada sua transferência para o vôlei russo? Como está sua cabeça agora?

Marlon:
Está confirmado, sim, mas ainda não tenho data para viajar. A cabeça está excelente. Já tive uma experiência assim, e essa será mais especial pois vou com a minha mulher e meu filho. Estamos na expectativa de poder desfrutar um pouco da cultura, aprender um pouco da língua, talvez. É o momento ideal, já que o mercado aqui ficou um pouco restrito.

UOL Esporte: Então essa sua saída para o exterior era algo que você já planejava?

Marlon: Eu já estava me programando para sair. É a terceira temporada seguida que o Dínamo Krasnoda faz proposta por mim. Até então eu abri mão da valorização para ficar aqui no Brasil em virtude da minha família. Meu filho era muito pequeno, agora está mais preparado para enfrentar um clima totalmente diferente. O momento familiar é mais seguro, principalmente. 

UOL Esporte: E o balanço que você faz da última temporada, no RJX?

Marlon:
É positivo. Da minha parte, eu fiz tudo que podia. Eu sou muito crítico, peso muito os fatores negativos também. No RJX, busquei todas as maneiras para fazer o time jogar. Mantive um padrão técnico, que era o mais importante, pois o físico seria recuperado aos poucos. No fim, tive uma satisfação gostosa quanto ao meu desempenho. Apesar de tudo, terminei feliz a temporada. Não saí decepcionado, como aconteceu em outros anos.

UOL Esporte: Em relação à seleção, agora. Como você se sentiu quando viu que não estava convocado para a seleção, e que o Ricardinho estava de volta?

Marlon:  
Eu não fui pego de surpresa. Eu sempre soube que essa volta do Ricardinho era uma coisa que iria acontecer. Não era mistério para ninguém, devido a toda a trajetória dele. No meu sentimento, isso poderia acontecer a qualquer momento. E eu sabia que quando ele voltasse, era eu que iria ficar fora. Eu nunca tive a segurança própria de saber que estaria convocado sempre, independente dos anos anteriores. 

UOL Esporte: Mas você ficou chateado ou decepcionado com isso?

Marlon:
Eu não. A decepção foi na minha casa. Meus pais, meus amigos, que não vivem lá dentro e não têm o sentimento real da coisa. Para eles, foi muito dolorido. Eu estou feliz de estar em casa, ao lado da família, ter tempo de colocar um quadro na parede, dormir até tarde durante uns cinco dias seguidos. 

UOL Esporte: O Bernardinho procurou você para conversar, falar alguma coisa sobre a sua não-convocação?

Marlon:
Ele não me procurou. Da parte dele, não esperava nada sinceramente, pois a relação entre a gente não é algo que pudesse ser considerado superpositiva. Esperava de outras pessoas da comissão ao menos um telefonema. Mas não é nada que me chateie. Os meus amigos continuam amigos, os colegas continuam colegas. Para mim não faz diferença nenhuma se ele (Bernardo) me ligaria ou não.

UOL Esporte: A relação entre vocês dois estava estremecida, então?

Marlon:
Não é estremecida. Eu sempre joguei aberto com ele, de maneira clara e honesta, visando o meu desenvolvimento e da seleção. Sempre acreditei que tinha algo a acrescentar. Mas um grupo sempre tem problemas, de modo geral.

UOL Esporte: Você disse que sabia que se o Ricardinho voltasse, era você quem ficaria fora. Por que?

Marlon: Preciso mesmo dizer? É algo que eu não preciso falar, né... 

UOL Esporte: Você acha que tem algo a ver com o Bruninho ser filho do Bernardo?

Marlon: (pausa) Acho que não. Eu cheguei para ser o terceiro levantador. Na sequência, saiu o  Marcelinho e eu passei a ser o segundo.  Sendo o segundo, nesse momento, era óbvio que o Bruno ia ficar. Eu conheço o Bruno, respeito o Bernardo. O fato é que eu nunca fui primeiro levantador e, chegando o Ricardinho, eu é que sairia. Ele (Bernardinho) já pensa no Bruno como titular da seleção há muito tempo, então não seria nada diferente agora. Essa sensação de que eu não iria ser chamado em alguma temporada já me acompanhava.

UOL Esporte: Acredita que a sua trajetória na seleção foi deixada de lado?

Marlon: O meu histórico no ciclo foi deixado de lado, não tenha dúvida. A minha participação, os títulos...

UOL Esporte: Apesar de você ficar fora, como você vê o retorno do Ricardinho?

Marlon: É um pouco de hipocrisia essa história, eu acho. Um dizia que estava magoado, que não voltaria mais. Trocaram farpas, acusações, ofensas, coisas que não fazem parte do caminho que gosto de seguir. De repente está tudo bem? É no mínimo estranha a volta dele. Existia um problema de relacionamento entre eles, tem o histórico que já foi falado tantas vezes. Mas não sou eu que tenho que julgar isso. Sei lá, devem ter se perdoado. 

UOL Esporte: Você acredita que o fato de o Bernardinho ter convocado o Ricardo significa que ele não estava satisfeito com você?

Marlon:
Significa que ele estava insatisfeito comigo e com o Bruninho também. Com os levantadores, de um modo geral, que não cobriram bem a saída do Ricardinho desde 2007.

UOL Esporte: E agora, você ainda pensa em estar na seleção na Olimpíada ou acha que não volta mais a ser convocado?

Marlon:  
A minha ambição é semanal. como não estou lá, não tenho ambição nenhuma hoje. Aconteceu algo que era anunciado já. Não é frustração, decepção. Curti sem sofrer enquanto estava lá. E não é agora que vou sofrer. A volta dele vinha sendo especulada, comentada. É um excelente levantador, não tenha dúvidas.



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