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Fofão se solidariza a Fabíola, crê em ouro e prevê emoção na TV

Fofão é dona de três medalhas olímpicas. Foto: Luiz Doro/Adorofoto/Divulgação

Inativa desde maio de 2011, quando deixou o Fenerbahce da Turquia, Fofão recentemente tirou o dia para ordenar as medalhas que conquistou em quase 30 anos de carreira: do vice-campeonato juvenil pelo Pão de Açúcar na década de 1980 ao ouro olímpico de Pequim 2008. Aos 42 anos, ainda que se permita alguns momentos de saudosismo, ela treina para retornar às quadras pelo Unilever, mas, pela primeira vez desde Barcelona 1992, não participará da Olimpíada, assim como a cortada levantadora Fabíola, a quem se solidariza.

"Confesso a você que me surpreendeu. Como ela estava jogando como titular, foi uma surpresa muito grande. Acho que ela estava em um momento bom", declarou Fofão. Apesar de acreditar que o técnico José Roberto Guimarães, a princípio, não planejava levar a veterana Fernandinha para Londres, ela aprovou a performance da atleta no Grand Prix, mas prometeu entrar em contato com Fabíola para "dar uma força" no momento delicado.

Presente nos Jogos de Barcelona 1992, Atlanta 1996, Sydney 2000, Atenas 2004 e Pequim 2008, Fofão, dona de três medalhas olímpicas, decidiu encerrar sua trajetória na Seleção após o torneio na China. Desde então, resistiu a seguidas investidas de Zé Roberto, sedento por seu retorno ao time nacional. Do Brasil, a atleta participará das transmissões de um canal de televisão por assinatura como comentarista e transparece preocupação para controlar a emoção durante as partidas de suas ex-companheiras em Londres.

Reserva da renomada Fernanda Venturini durante suas primeiras temporadas pelo time brasileiro, Fofão, ironicamente, se prepara para sucedê-la novamente, desta vez na parte final de sua carreira. Doze anos depois de atuar sob o comando do técnico Bernardinho na Seleção, a jogadora, tricampeã nacional, reencontrará o antigo comandante no Unilever após passar por clubes de Itália, Espanha e Turquia nas últimas oito temporadas.

O Brasil não conseguiu se classificar para a Olimpíada pela Copa do Mundo do ano passado e foi instável no Grand Prix. Como atual campeã olímpica, como você enxerga o time atual na véspera dos Jogos de Londres? Fofão:Acima de tudo, elas vão com a responsabilidade de defender o título. Queira ou não queira, é uma cobrança, porque as pessoas têm a expectativa de que o Brasil consiga fazer uma boa campanha. De alguma forma, isso cria um peso para as jogadoras. Mas o Brasil tem atletas com experiência de até duas edições da Olimpíada, é o momento de ter tranquilidade para que as coisas saiam naturalmente. Temos jogadoras que fazem diferença e a Seleção vai como favorita, sim. O time é forte e, se na hora jogar o que sabe, acredito muito na Seleção.

A irregularidade do time nos últimos campeonatos gerou uma certa desconfiança. Você acha que isso pode atrapalhar ou, quando começa a Olimpíada, tudo que aconteceu no passado recente fica para trás? Fofão:Como jogadora, a gente não fica lembrando muito se foi mal ou não. A jogadora sempre busca fazer o melhor e as Olimpíadas são um campeonato diferenciado, porque quando você chega na Vila e vê toda a movimentação, se contagia. O clima da Olimpíada é muito forte. Então, as jogadoras vão querer fazer o melhor possível, porque o mundo inteiro está observando. Se você for bem, todos vão parabenizar. O clima das Olimpíadas muda muito o jogador e envolve mais do que outros torneios.

Aos 32 anos, a Fernandinha foi convocada pelo Zé Roberto de forma inesperada e agradou. O que você achou do desempenho dela no Grand Prix?Fofão:Acho que a intenção do Zé foi trazer mais uma levantadora para que as duas (Fabíola e Dani Lins) não se acomodassem, mas a Fernandinha aproveitou. Ela teve a chance de mostrar o seu vôlei, recebeu muitas oportunidades no Grand Prix e aproveitou. Demonstrou personalidade e acabou pegando a vaga por mérito. Acho que a intenção não era nem essa, mas ela acabou aproveitando a oportunidade que recebeu.

A Fabíola vinha jogando como titular e acabou cortada da Seleção. Essa decisão do Zé Roberto te surpreendeu? Fofão:Confesso a você que me surpreendeu. Como ela estava jogando como titular, foi uma surpresa muito grande. Acho que ela estava em um momento bom. Para mim, que estou acompanhando de fora, foi uma surpresa muito grande, com certeza.

Desde o corte, a Fabíola ainda não se pronunciou publicamente. Você chegou a ter algum contato com ela?Fofão:Ela ainda não deve ter digerido muito bem. Na véspera de viajar... Agora não é hora de ficar ligando. Acho que ela quer mais ficar com a família, no canto dela para poder retomar a rotina. Assim que tiver uma chance, vou entrar em contato com ela, porque somos amigas e é importante dar uma força nesse momento. Com certeza, vou mandar um e-mail ou mensagem. Por enquanto, estou deixando ela ficar mais com a família.

Outra decisão do Zé Roberto que deixou algumas pessoas surpresas foi o corte da Mari, presente em 2004 e peça fundamental no ouro de 2008...Fofão:O Zé disse que foi por critérios técnicos e, como não participo do dia a dia, é difícil falar alguma coisa. Mas também foi uma surpresa, até mesmo pela experiência que ela tem. É uma decisão do técnico. Ele está no dia a dia com o grupo e tem que saber o que é melhor.

Há quem diga que a Mari tinha problemas de relacionamento com o grupo, que ela teria um clima ruim com a Sheilla. Você jogou anos com a Mari na Seleção e, depois da Olimpíada, no São Caetano, que também contava com a Sheilla. Como era a convivência com ela? Fofão:A Mari é uma pessoa muito na dela. É tranquilo conviver com ela, não tem problema. Mas já faz quatro anos e muita coisa que eu não sei pode ter acontecido. Convivi com ela muito tempo e nunca tive problema. Sempre foi tranquilo para mim, mas é aquela coisa: só quem está ali no meio pode dizer se aconteceu alguma coisa ou não.

Desde que você resolveu deixar a Seleção, o Zé Roberto fez vários convites para retornar. Em algum momento você chegou a ficar balançada e estudou realmente a possibilidade de reconsiderar? Fofão:Eu sempre deixei clara minha decisão de sair em 2008 e não considerava a possibilidade de voltar. No ano seguinte, teve muita pressão das pessoas e o Zé também queria muito que eu voltasse, principalmente porque eu ainda estava em atividade. Isso pesava um pouco, o fato de ele querer que eu estivesse junto com o grupo. Mas na minha cabeça já estava muito claro o que eu queria. Por mais que tenha sido pedido, em nenhum momento eu senti vontade de voltar. Já tinha me desligado mentalmente e isso foi o mais importante. Se eu não tivesse tanta certeza do que queria, talvez balançasse um pouco, mas estive sempre segura da minha decisão.

E agora, na véspera da Olimpíada? Não dá nem um pouco de vontade de estar com o time em Londres? Fofão:(Risos) Quando eu vejo pela televisão o time embarcando, penso: "poxa, esse é o melhor momento". Até que dá um pouco de vontade, mas eu já sei o que é estar na Olimpíada. É claro que é legal, porque movimenta o mundo todo, mas eu fico bem tranquila. Sei muito bem o que é ir para a Olimpíada e, na verdade, não bate mais a vontade de estar ali, não.

Você vai comentar o vôlei nos Jogos Olímpicos pela Bandsport. Está preparada para ver suas ex-companheiras em quadra defendendo o título que você ajudou a conquistar? Fofão:Vai ser bem difícil, porque é a primeira vez que comento na Olimpíada. As últimas, eu sempre joguei. Fico pensando como vai ser e estou bem ansiosa. É um grupo que conheço muito bem. Vou ver o time, vou saber, vou estar sentido, mas tenho que ter outra postura e não posso misturar algumas cosias, até porque já não faço mais parte do grupo. Vou procurar ser o mais honesta e sincera possível. Vou ficar muito emocionada, mas vou fazer o melhor que puder.

Você mantém contato com as jogadoras do time atual? Fofão:Ainda tenho contato com as meninas. Quando elas foram jogar em São Bernardo pelo Grand Prix, encontrei com elas. É claro que com algumas tenho mais afinidade. Sempre que posso, mando um e-mail para dar uma força, tento colocá-las para cima. Mais do que qualquer coisa, ficou uma amizade, uma relação muito próxima. Quem já esteve lá, sabe como é difícil.

Depois de permanecer inativa na temporada 2011/2012, você assinou com a Unilever e já voltou a treinar. No período em que ficou sem clube, chegou a pensar em parar definitivamente ou sempre teve claro que retornaria? Fofão:Não teria muito sentido eu parar desse jeito, sem estar na quadra, jogando. Seria até injusto comigo mesma. Eu sabia que voltaria, porque senti muita falta dos jogos, quando via os jogos pela televisão. Então, eu sabia que ainda queria voltar. Isso é uma coisa muito clara na minha cabeça: quando você sente falta, é sinal que ainda tem vontade. Eu só vou parar jogando, não quero estar em casa sem fazer nada e anunciar que parei. Quero me despedir dentro de quadra, porque acho que é o mais justo.

No período de afastamento, você começou a praticar tênis e chegou a ser vice-campeã de um torneio amador. Como foi essa incursão por um esporte individual? Achou estranho estar sozinha dentro da quadra? Fofão:Ah, foi estranho. Descobri um lado meu que não conhecia, de me irritar comigo mesma, até pela dificuldade do tênis. É um esporte muito difícil, mais do que eu imaginava. Isso me irritava muito, porque eu tinha a visão do que queria fazer, mas não conseguia executar o movimento. Descobri que, sozinha, sou muito nervosa, então não achei muito bom isso, não (risos). Eu queria fazer alguma coisa para me movimentar e tinha uma quadra de tênis no meu prédio. Então, acabei me animando. Foi uma motivação que encontrei para não ficar sem fazer nada.

Você trabalhou com o Bernardinho pela última vez em 2000, na Seleção Brasileira. O que espera desse reencontro no Unilever? Chegou a falar com ele depois que acertou com a equipe? Fofão:A parte boa é que eu já o conheço, sei como é o trabalho dele, a pessoa dele. Agora é só relembrar um pouquinho, me acostumar novamente com o método de trabalho do Bernardo. Quando você conhece, não assusta tanto, fica mais fácil de se acostumar. Para falar a verdade, ainda não nos encontramos, porque a negociação foi feita com os dirigentes. Com essa correria de Seleção, ele está sem tempo para nada. Ainda não conversamos nem por telefone nem pessoalmente, mas vamos ter bastante tempo depois que ele voltar de Londres.

Como tem sido a volta à rotina de treinamentos com o clube? Seu corpo tem reclamado bastante? Fofão:Eu fiquei só um mês e meio totalmente parada e depois retomei a atividade física para não sentir tanta dificuldade no momento de voltar. Fazia musculação normalmente e de vez em quando batia uma bola. Então, quando voltei foi bem tranquilo, não senti dor muscular. Foi bom não ter ficado sem fazer nada, porque talvez teria sido mais difícil. O mais complicado é voltar ao ritmo do treinamento, mas está sendo bom, porque estamos tendo tempo para fazer as coisas com bastante calma. Como temos poucas jogadoras agora, estamos treinando em um período só e ainda não recuperei o ritmo ideal.

O primeiro torneio importante da temporada é o Campeonato Carioca, vencido pela Unilever nas últimas oito edições. É um dos poucos títulos que você ainda não tem...Fofão:É uma competição nova, um título que nunca conquistei, então a gente busca motivação nisso. Ficamos treinando muito, sempre na expectativa de jogar e de sair com a vitória. Estou esperando começar logo o campeonato e a motivação é a mesma de sempre.

Você sucedeu a Fernanda Venturini na Seleção Brasileira. Ironicamente, já na parte final da carreira, vai fazer o mesmo na Unilever...Fofão:É uma coisa normal, já não vejo como responsabilidade. É mais um time que vou jogar e para mim é normal. Claro que é um time de tradição, mas não vejo como uma responsabilidade tão grande. Vou continuar fazendo meu trabalho da melhor forma e as coisas vão acontecer naturalmente.

Para terminar, uma curiosidade. Você disputou cinco edições dos Jogos Olímpicos e subiu ao pódio três vezes. Alguns atletas guardam as medalhas em cofres de banco. Onde você deixa as suas? Fofão: Não guardo em cofre de banco, mas deixo bem guardadas. Tenho um xodó com elas, não tem como, mas ficam na minha casa, em um lugar bem protegido. Nesse ano, levei a medalha de ouro em alguns eventos, principalmente com crianças. Ela deu uma passeada, mas geralmente não fico mostrando muito, não. Todas as medalhas são especiais. Outro dia, estava colocando minhas medalhas em ordem e relembrando algumas coisas. Cada uma tem sua história, mas o ouro olímpico, pelo fato de ter finalizado todo um trabalho, é a mais especial. Acho que ainda tenho em casa minha primeira medalha, um vice-campeonato paulista juvenil, pelo Pão de Açucar. É, faz tempo...



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