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Entrevista com Fofão sobre vinda ao Unilever

A paixão pelo vôlei continua viva. Tanto que, aos 42 anos, após ter passado uma temporada sem jogar, Fofão não vê a hora de atuar pela Unilever, nas semifinais do Carioca, no dia 5. Ouro nos Jogos de Pequim (2008), ela quer ver logo a 'cara' do time. Nascida em São Paulo, a levantadora curte a vida no Rio, a oportunidade de estar em quadra trabalhando mais uma vez com Bernardinho, e conta como foi difícil comentar os jogos da Seleção feminina na Olimpíada de Londres.

MARCA BRASIL: Como está sendo a volta ao vôlei?
Fofão: No começo, foi mais difícil. Até mesmo pelo fato de eu ter ficado um ano sem essa rotina de treino. Agora eu já estou mais entrosada com o dia a dia daqui. Está sendo gostoso.

Você estava com saudade das quadras?
Por incrível que pareça, eu estava. Bastante, viu? (risos). O melhor de tudo é você voltar e ver que ainda gosta de fazer. Isso foi o mais importante. Por ter ficado um ano parada, achei que talvez fosse desanimar um pouquinho. Pelo contrário. Estou motivada e feliz onde estou.

Pensou em parar?
Eu sempre tive na cabeça que eu vou parar jogando, não do jeito que eu estava, sem treinar e, então, decidir parar. Não seria legal para mim também.

Você jogou tênis quando esteve afastada do vôlei. Como foi a experiência?
Como não queria ficar parada totalmente, procurei coisas que me motivassem. Aí me aventurei no tênis. Mas estava sempre em contato com o vôlei, fui em vários lugares treinar com equipes mais jovens. Elas se assustavam: 'Meu Deus, a Fofão aqui'. Eu falava: 'Gente, tranquilo, eu virei mais vezes' (risos).

Como é a vida no Rio?
Eu vinha para cá com a Seleção, mas a gente treinava e ia para a concentração. Tanto é que eu cheguei e não sabia andar aqui. Fiquei quase dois meses sem carro para aprender os caminhos. É bem diferente de São Paulo. Mas o gostoso é o astral. É impossível ficar de mau humor. Você olha o mar e fala: 'Vou reclamar de quê, né?'.

Já tentou ir ao treino de bicicleta?
Comprei a bicicleta para vir. O problema é que eu vinha e tinha que voltar. É muito sofrimento (risos). Um dia eu resolvi testar. Mas depois eu pensei: 'Depois de um treino pesado, eu voltar pedalando'. Aí eu não me animei de vir de novo (risos).

Como foi a experiência de ser comentarista na Olimpíada de Londres?
Foi difícil porque eu sofri muito. É muito difícil você comentar se você esteve ali dentro, com as mesmas pessoas. O primeiro jogo para mim foi complicado, foi como se eu tivesse estreando junto com elas. Foi muito difícil porque, ao mesmo tempo que tenho que falar o que está acontecendo, eu entendo a situação delas, a dificuldade que é. Tentei ponderar o máximo possível porque sou uma jogadora e sei como é estar ali dentro. Uma das coisas mais difíceis que eu fiz até hoje foi comentar uma Olimpíada.

Você esperava a volta por cima da Seleção?
Fiquei muito preocupada depois do jogo contra a Coreia (quando a vaga para as quartas ficou ameaçada). Depois que terminou o jogo, vi as meninas chorando, as mais experientes também chorando. Achei que não era o momento para esse desespero todo. Inclusive mandei um e-mail para uma das meninas, falei para não deixar isso acontecer porque elas eram as líderes. Uma pessoa que está chegando agora e vê uma Thaisa ou uma Fabiana chorar, bate um pouco de insegurança.

E depois teve a volta por cima...
Foi a coisa mais linda do mundo o que elas fizeram. Elas deram uma prova de superação imensa, com uma força de grupo. Foi o que fez a diferença. Elas poderiam ter voltado sem nada nas mãos e acabaram campeãs olímpicas.

Como viu a atuação da Dani Lins?
Ela despertou no momento certo. Ninguém sabia se ela iria ficar entre as 12. Ela ficou e, no momento que o time mais precisou, ela demonstrou maturidade. As jogadoras sentiram confiança nela. Contra a Rússia, ela foi a melhor jogadora. Foi importantíssima para o time. Era o que elas precisavam, da segurança dela. Depois, ela foi tranquila, parecia que ela estava desfilando ali, sem preocupação.

Você não sente saudades da Seleção?
Saudade eu sinto. Eu olho para elas e a vontade é de estar lá. Acima de tudo, ficou uma amizade muito grande. Toda vez que eu as vejo, eu sei o que está acontecendo e começo a dar risada sozinha porque eu sei que elas estão sacaneando uma a outra. Não tem como não sentir saudade. Mas, quanto a voltar e estar junto, isso não existe mais.

O técnico José Roberto Guimarães disse que tentou convencê-la a voltar à Seleção até 2010, não é?
Era uma coisa que já estava decidida na minha cabeça. A minha missão tinha sido cumprida. Eu me desliguei de uma tal maneira que eu não conseguia me ver voltando, mesmo com as pessoas falando para eu voltar. Estava tranquila com a decisão que eu tomei.

Você já faz planos para a aposentadoria?
Deixo as coisas acontecerem. Planejar nunca foi o meu forte. O mais importante é estar bem de saúde. Assim como eu decidi um dia parar com a Seleção, um dia eu vou parar de jogar vôlei, encerrar totalmente.

Já tem em mente o que vai fazer quando parar?
Tenho um caderno cheio de coisas anotadas. Quero saber por onde eu vou começar (risos). O mais importante quando parar é estar bem resolvida. Assim como eu parei na Seleção e não sentia vontade de voltar. Essa decisão é a mais difícil porque vou deixar de fazer o que eu gosto. Ao mesmo tempo sei que estarei envolvida com o vôlei.

Como é trabalhar de novo com o Bernardinho?
O bom do Bernardo é que já o conheço. Sei como ele trabalha, como ele é. Está sendo muito bom, é um excelente técnico. Hoje em dia, estou mais amadurecida do que na época da Seleção e o que ele fala é mais fácil de entender. É tranquilo, é preparar os ouvidos (risos)...

Como você está fisicamente?
Eu me cuidei para não chegar aqui e ter que recomeçar do zero. Desde que eu cheguei, estou conseguindo fazer as coisas igual às meninas, estou treinando normal. Dor todo mundo sente, mas nada que me incomoda. Falei que eu não quero entrar entrar lá (na fisioterapia) por motivo de dor, vou lá para fazer massagem (risos).

Você está ansiosa para voltar a jogar?
Estou, porque você treina muito e é o momento que você mais espera. A expectativa é grande, mesmo para alguém que já tenha tanta experiência. O friozinho na barriga ainda é o mesmo, a ansiedade ainda é a mesma. Estou muito motivada, eu quero jogar, quero ver a cara do nosso time.

POR ANA CARLA GOMES 23.09.12



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