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Fê Berti migra para o Volei de Praia

Os pés descalços na areia deixaram ser sinônimo de folga. Há pouco mais de um mês, Fernanda Berti encarou de frente a mudança que se insinuava em sua vida há cerca de um ano. Topou arriscar, dar uma guinada radical na carreira e tentar a sorte como jogadora de vôlei de praia aos 27 anos. Recrutada por um projeto da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) que visa atrair atletas altas para a modalidade outdoor, a carioca está passando por um "intensivão" de treinos para se adaptar nova realidade. Após duas exibições em desafios de quartetos, fará seu primeiro teste nesta sexta-feira, em Goiânia.

Mesmo com pouquíssimo tempo no ambiente, a comissão técnica que dá suporte à atleta achou que poderia avaliar melhor o processo colocando-a no meio competitivo. A experiência será ao lado de Drussyla, que tem apenas 16 anos e conquistou a medalha de prata no mundial sub-21.

Fernanda Berti vôlei de praia (Foto:  Alexandre Arruda / CBV)

Fernanda foi procurada pela CBV no ano passado. A entidade montou um programa para atrair para a praia jogadoras altas que não obtêm tanto destaque nas quadras. Na época, com vínculo com o Vôlei Futuro, de Araçatuba, ela não pôde aceitar. Mas ficou pensando. Liberada do contrato, decidiu arriscar. Ouviu que era maluca, que a modalidade outdoor não oferecia a mesma segurança de um clube. Ponderou e decidiu que não tinha nada a perder.

- Fiquei pensando o ano inteiro. Recentemente conversamos de novo e decidi encarar esse desafio. Se fosse por conta própria talvez eu não tivesse essa iniciativa. E eu me encaixo bem no perfil que eles queriam. Eu estava meio estagnada na quadra, nem muito bem nem muito mal. Sou alta (1,89m) e não tinha destaque para chegar à seleção, disputar as Olimpíadas. Na praia, quem sabe? Podemos tentar aqui o que eu não teria chance na quadra – disse.

Fernanda Berti no vôlei futuro (Foto: Divulgação / CBV)

Para deixar a estabilidade que tinha no indoor, onde foi campeã mundial militar, Fernanda recebeu uma estrutura pronta. Tem o técnico Guilherme Schmitz e o preparador físico Márcio Gutierre à disposição, além de outros profissionais, bancados pela Confederação. O mesmo acontece com Viviane Evangelista e Letícia Raymundi.

O trabalho em conjunto é feito em dois períodos, sempre com bola pela manhã e treino físico na parte da tarde. Como atuava como oposta e não tinha a obrigação de passar ou levantar, a carioca está se adaptando executar estes fundamentos. Há ainda outras particularidades das areias, como o recuo do bloqueador para recompor a defesa no fundo, conhecido como "reco".

- É uma transição difícil. Não é só chegar e falar "Ah, vou jogar na praia". É bem difícil, porque eu tive uma carreira na quadra, já sabia jogar e estou pegando tudo de novo. Na quadra eu não passo, não tenho que levantar, não existe reco, que é uma dificuldade (muitos risos). Estou tento que recomeçar. Os jogadores são de certa forma mais completos, porque sempre encostam na bola. Tem ponto na quadra em que você não participa diretamente. Aqui não tem jeito.

Apoio de medalhista olímpica foi incentivo

Fernanda Berti vôlei de praia (Foto: Helena Rebello/Globoesporte.com)

Antes de confirmar a transição, a atleta conversou com Raquel Peluci, medalha de bronze nas Olimpíadas de Sydney na quadra e que também migrou para a praia em 2009. Foi muito incentivada pela conterrânea. Porém também sofreu um choque de realidade. Não muito depois da conversa, soube que Raquel, sem parceira e sem patrocínio, voltaria a atuar na quadra pelo menos até o próximo ano.

O troca-troca frequente das duplas é algo que assusta um pouco Fernanda. A jogadora, porém, prefere pensar que cada um tem uma história distinta e manter um prognóstico positivo.

- Conversei com a Raquel quando surgiu o projeto e ela me disse que estava adorando, ainda se adaptando, mas gostando muito da praia. Falou de todas as dificuldades, mas ali acreditei que poderia dar certo. Infelizmente agora ela não conseguiu dar sequência, mas acredito que seja destino e, quem sabe, ela volta logo. Realmente a troca constante de duplas não é uma coisa bem legal. O melhor caminho é conseguir uma parceira e ficar treinando. Mesmo que no começo não dê certo, acho válido insistir, porque não é de uma hora pra outra que se consegue entrosamento. Pode dar a sorte de sim, mas creio que é uma construção, algo com o tempo.

Com Drussyla, 11 anos mais nova, a carioca disputará o qualifying da etapa nacional de Goiânia do Circuito Brasileiro de Vôlei de praia, na sexta. Caso se classifiquem, jogam já no sábado a chave principal, que por sua vez dá vaga ao campeão e ao vice no Open, competição que reúne as duplas mais bem ranqueadas do país, no final de semana seguinte. Até o momento, o contato entre as duas foi limitado, já que Drussyla ainda se divide com treinos do vôlei de quadra, e atualmente defende o Fluminense no campeonato estadual.

- Ela já tinha treinado com a gente antes de disputar o mundial com a Rebecca. É uma menina nova, mas muito boa de bola e com muito potencial. E, por mais que seja mais nova que eu, já disputou duas competições grandes (mundiais sub-19 e sub-21) e tem mais experiência. Ela não pode ir sempre porque tem os treinos na quadra, mas estamos nos dando bem. O bom é que não teremos pressão nenhuma de resultado, já que ninguém espera mesmo nada de nós. Neste momento, o que vier será lucro.



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