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Paulão assume dupla função e treina o filho


Paulão, técnico de vôlei do Canoas (Foto: Ricardo Rimoli/CBV)

Em sua primeira experiência como técnico, 20 anos após conquistar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Barcelona, Paulo André Jukoski da Silva, o Paulão, tem uma responsabilidade maior do que "apenas" orientar grandes craques como Gustavo Endres e Roberto Munuzzi dentro de quadra. Repete com o seu filho, Pedro Henrique, de 17 anos,  no Canoas Vôlei, a jornada simultânea de comandante e pai, já realizada por Bernardinho e Bruninho. A ideia, claro, é conseguir a mesma sintonia em família alcançada pela dupla campeã mundial pela seleção brasileira.

- Tento não transparecer muito, mas acho isso bacana. Quando eu estava começando, não tive a oportunidade de aprendizado que ele está tendo agora. E isso é muito bom. A gente nunca sabe até onde um menino vai no esporte, mas ele está focado e determinado e adora jogar vôlei - conta o profissional, sem deixar de ser coruja.

Se há semelhanças entre a dupla de pais e filhos, uma diferença entre eles também se destaca. Enquanto Bruninho herdou até a mesma posição que o pai Bernardinho, o jovem do Canoas Vôlei optou por um lugar diferente em quadra. Na época de atleta, Paulão jogava como central. Agora, Pedro Henrique espera crescer como levantador.

Primeira lição é fora da quadra

Ao contrário de Pedro Henrique, que já nasceu em uma família de campeões e recebeu todo o apoio financeiro para seguir no esporte, Paulão precisou contar com uma ajuda providencial. Todos os dias, João Batista, treinador do atleta na adolescência, deixava cinco cruzeiros na mochila do futuro campeão. Não era uma fortuna, mas o suficiente para pagar a passagem de ônibus de Gravataí, na Região Metropolitana, onde morava, até as quadras da Sogipa, em Porto Alegre.

Os valores arraigados depois de adulto em Paulão são frutos do exemplo recebido quando criança, de poder abrir mão de algo para apoiar uma causa ou alguém. Esse é um dos motivos pelos quais Paulão aceitou o desafio de comandar o Canoas Vôlei no início deste ano, quando a equipe se preparava para disputar a Superliga B. O projeto tinha como objetivo fortalecer o vôlei gaúcho e montar um time que pudesse voltar a figurar nas grandes competições. 

Paulão e filho Pedro Henrique do Canoas Vôlei (Foto: Fernando Potrick / TXT Assessoria)

O primeiro passo foi dado ao vencer o Pindamonhangaba na grande final da B e conquistar o direito de disputar a divisão principal da Superliga a partir de novembro. Depois, veio o título do Campeonato Gaúcho no início de outubro, em que a equipe teve uma campanha invicta, com seis vitórias e nenhum set perdido.

Nessa caminhada, Pedro foi andando ao lado do pai. O garoto não faz parte da equipe principal, mas já teve a oportunidade de iniciar algumas partidas como titular. Com isso, usa cada minuto ao lado dos campeões mundiais, seja nos treinos ou nos jogos, para aprender algo de novo.

- Não tenho palavras para explicar o que significa essa experiência para alguém da minha idade. Poder atuar ao lado de jogadores experientes como o Endres e o Minuzzi é um sonho - explica.

Paulão comemora título do Canoas campeão da Superliga B de vôlei (Foto: Alexandre Arruda / CBV)

No entanto, o vôlei não foi a sua primeira opção no esporte. Até porque para iniciar na modalidade precisava esperar até contar com um pouco mais de idade e altura. Por isso, quando criança, testou primeiro natação, futebol, capoeira, judô, futsal e tênis, tornando as quadras a escolha mais sólida somente aos 12 anos. E permanente, pelo que projeta o jovem:

- Foi um dos últimos esportes que tentei, mas foi o que mais me identifiquei. Fui levando na brincadeira até ver que não tinha mais como intercalar com nenhum outro e acabei optando por focar somente no vôlei.

Se o jovem tinha a liberdade para escolher o esporte que quisesse, também é verdade que a modalidade mais óbvia seria o vôlei. E não somente pela influência de se ter um pai campeão olímpico em casa. O padrinho de Pedro, ninguém menos que o ponta Giovane, também esteve presente na conquista de Barcelona, em 1992. Ou seja, o vôlei estava predestinado a continuar na família.

- A gente come, dorme, vive o vôlei - admite Paulão.

E, no que depender da paixão adquirida nestes anos, Pedro Henrique já tem profissão definida assim que terminar o colégio (atualmente cursa o segundo ano do Ensino Médio no Bom Conselho, em Porto Alegre). Sem pensar ainda em uma possibilidade de curso superior, o levantador tem como prioridade seguir o sonho de ser jogador de vôlei.

Para isso, trabalha com intensidade nos treinos. Além do Canoas, que frequenta cerca de três dias por semana, joga também na categoria infanto do Grêmio Náutico União, aliando lições de técnica e tática à experiência das competições.

Paulão e o filho Pedro Henrique na infância (Foto: Arquivo Pessoal)



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