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Ju Costa supera dias dificeis no Azerbaijão e tenta recomeço no Sesi


Ju Costa vôlei Azerbaijão (Foto: João Gabriel Rodrigues)

Sentada em seu sofá, Ju Costa assistia à novela e pensava. Enquanto Morena (interpretada por Nanda Costa) enfrentava uma saga para escapar da Turquia, a ponteira voltava alguns meses no tempo e lembrava de um dos momentos mais tensos de sua vida. Depois de deixar o Brasil rumo ao Azerbaijão, a jogadora se viu como a personagem de "Salve Jorge", que teve seu último capítulo exibido em maio. Com passaporte apreendido e sem poder receber visitas da família, Ju fugiu. Mesmo sob contrato com o Lokomotiv Baku, abandonou o clube e retornou ao Brasil. Contratada como um dos principais reforços do Sesi-SP para a temporada, a atleta tenta recuperar o prazer de estar em quadra.

Ju Costa ficou sete meses no Azerbaijão. Sem fluência no inglês, tinha problemas na comunicação com o técnico russo e sofria com a rotina intensa de treinos, com três sessões diárias. "Passei dois meses chorando", ela diz. No início, a companhia da mãe e da filha ajudou a aliviar o sofrimento. Uma derrota, porém, fez com que tudo ficasse ainda pior.

- Perdemos um jogo da Champions League e, simplesmente, o presidente resolveu não dar visto para ninguém da minha família. E você precisa ser convidado para ir para lá. Minha mãe e minha filha tinham retornado ao Brasil para passar o Natal. Ele disse: "Vocês precisam se preocupar em jogar e não com a família". Eu disse que não vivia dessa maneira. Depois disso, aconteceram várias coisas e eu pedi para sair. Foram 20 dias de Morena no Azerbaijão. Quem acompanhou a novela sabe. Em vez de "Salve Jorge", era "Salve Ju" (risos). Para sair de lá, foi terrível. Vistos da minha filha e da minha mãe não foram dados, e eu falei que não ia mais voltar, não representaria o time.

E não foi só isso. Com o marido em Portugal, Ju aproveitava as folgas para visitá-lo. O clube, porém, passou a reter o passaporte das jogadoras para que ninguém deixasse o país. A situação, então, ficou insustentável.

Sesi-SP   volei (Foto: João Gabriel Rodrigues)

- Quando você tinha folga no fim de semana, na sexta pegavam o passaporte de todo mundo, impedindo você de sair do país. Como meu marido mora em Portugal, disse que não teria condições. Avisei ao meu técnico, às jogadoras, disse que estava indo a Portugal. Até pedi mais um dia, mas não foi concedido. Mas fui. Quando cheguei, recebi um e-mail: "Quem te autorizou a sair do país?". Como assim? Enfim, são várias coisas que você se pergunta se vale mesmo a pena.  Quando você volta, você valoriza muito mais o país onde vive.

As diferenças culturais também causaram impacto. Ju diz que, por ser mulher, não era bem vista pelo povo local.

- É uma cultura muito diferente. Eles fazem o que quiserem com você. Lá, mulher não vale nada. Quando você chega na fila de qualquer lugar, se você estiver na frente, o homem passa e é problema seu. É complicado viver nessa cultura. Foi muito complicado, uma situação bem difícil. Até falo para as pessoas que recebem proposta de lá pensarem três vezes. É uma cultura muito diferente, bem difícil.  Mas valeu. É uma experiência de vida, sei que trouxe muita coisa. São muitas histórias, muitas coisas vividas que eu nunca tinha passado.

Ju Costa vôlei Azerbaijão (Foto: Reprodução/Facebook)

Para romper o contrato com o clube, a jogadora chegou a ameaçar pedir a ajuda de Ary Graça, presidente da Federação Internacional de Vôlei. Como resposta ouviu uma nova ameaça.

- Fiquei sete meses assim. Voltei antes de a temporada acabar. Fiquei sem receber o último salário por ter pedido para voltar.  Eu falei que conversaria com o Ary, e eles disseram: "Se eu fosse você, eu não falaria porque é uma atitude muito errada da sua parte". Eu disse que errado era eles prenderem meu passaporte, não darem visto à minha família, sendo que estava no contrato. Os últimos dias foram muito complicados, que não desejo a ninguém.

Os tempos difíceis, porém, ficaram para trás. Depois de um período longe das quadras, Ju Costa se diz empolgada para retornar ao vôlei. Antes de embarcar para o Azerbaijão, a ponteira chegou a participar de alguns treinos no clube paulista. Agora, aposta na força do grupo para levar a equipe a um novo patamar.

- Eu estou muito feliz mesmo por voltar. E nada acontece por acaso. Antes de eu ir para o Azerbaijão, eu treinei no Sesi. Eles abriram as portas para treinar aqui. Fiquei muito feliz pelo grupo, já joguei com várias. Vamos trabalhar bastante e com certeza será um grupo muito forte. Em todo grupo que eu passo, digo que estrelas individuais existem, mas que elas brilham muito mais quando estão juntas, independentemente da força que tem. E sei que vamos construir essa força na temporada. Agradeço muito a Deus e ao Sesi por poder voltar ao país e voltar a sentir prazer no que eu sempre fiz na minha vida.




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