Cruzeiro, Cruzeiro, querido. Mais uma vez campeão de forma indiscutível da Superliga masculina. Um time que vem fazendo história. Que chega a 15 finais consecutivas e conquista 12 títulos das mais variadas competições. Que ostenta o emblema de campeão mundial na camisa. Que derrota um adversário tão forte quanto o Sesi-SP com tamanha facilidade. É um caso raro na atualidade de uma equipe que tem o apoio de uma imensa e fanática torcida que transporta do futebol para o vôlei a paixão por seu clube. Com tais ingredientes e a soma de um oposto Wallace endiabrado e um levantador William muito acima da média, o clube celeste fez a alegria da massa que lotou o Mineirinho, em Belo Horizonte, e levantou o seu segundo caneco da Superliga ao bater, neste domingo, o respeitado time do Sesi-SP por 3 sets a 0, com parciais de 21/19, 21/17 e 21/18.
- A festa foi linda, um espetáculo maravilhoso e com casa cheia. Nossa torcida merecia. Esse time está na história já. Ganhar o que ganhou, chegar em todas as finais, sinceramente não me lembro de outro time ter feito isso. Me sinto feliz de fazer parte desse grupo, que é um time vencedor. Estamos fazendo história - disse o levantador William.
O triunfo do Cruzeiro foi muito mais fácil do que todos esperavam. Durante toda a semana de preparação, jogadores, técnicos e especialistas previam uma longa batalha em cinco sets. Isso era explicado pelo fato de o Sesi-SP ser a base da seleção brasileira, com grandes valores como Murilo, Sidão, Lucão, Lucarelli e o incansável líbero Serginho. Só que o Cruzeiro deixou claro que não é o grande clube do vôlei brasileiro nos últimos anos por acaso. É um time que comete pouco erros e se entrega muito em cada jogada. E tem um entrosamento de sobra. Sem contar a importância de ter jogadores extremamente atléticos como o Wallace, melhor jogador desta Superliga, o ponteiro cubano Leal, que mais parece um touro, uma dupla de centrais de alto nível (Isac e Éder) e um líbero que esbanja raça e ótimo posicionamento (Serginho). Do banco, o técnico argentino Marcelo Mendez, com a sua mistura da energia contagiante dos hermanos e os pés do chão dos mineiros, comanda tudo com maestria.
- Mais uma vez jogamos coletivamente. Esse time é muito unido. O saque entrou e isso foi meio caminho andado para nossa equipe. São quatro anos, e o primeiro ano não foi tão fácil. O segundo melhorou e no terceiro e quarto anos as coisas já estavam afinadas. Se esse time continuar junto vamos conquistar muito mais títulos - disse o oposto Wallace, que fez dez pontos na final e foi, ao lado de Filipe, o maior pontuador da partida.
Debaixo de gritos ensurdecedores da torcida do Cruzeiro, Murilo começou sacando bem, mas o time da casa defendeu bem e William deu bola açucarada para Wallace cravar com tudo uma bola na quadra para fazer o primeiro ponto do jogo. Logo, a seguir, após erros de ataque de Sidão e Renan, os mandantes abriram 3 a 0. Mas o Sesi-SP logo reagiu e deixou tudo igual, mostrando que equilíbrio imaginado estava, de fato, sendo visto. O Cruzeiro abria vantagem, mas o Sesi-SP buscava. Venceu a parcial quem errou menos. Foi assim, contando com algumas vaciladas principalmente do ponteiro Lucarelli, que o clube celeste abriu 1 set 0, em pancada de Wallace: 21/19, em 24 minutos. Na arquibancada, Jaqueline torcia pelo marido Murilo em quadra e levou o pequeno Arthur para o Mineirinho.
Começar na frente em uma decisão em casa é tudo que o Cruzeiro precisava para deslanchar de vez em quadra e fazer um segundo set no qual pouco correu riscos. Muito mais consciente de suas ações do que o Sesi-SP, o time mineiro jogava com facilidade. Do outro lado, os experientes jogadores do time paulista demonstravam o grande poderio ofensivo de atletas consagrados da seleção brasileira como Murilo, Lucão e Sidão. Eles quase buscaram o placar ao encostar em 18/16, com um erro de saque de Wallace. Só que a cada ponto da equipe de vermelho, os cruzeirenses faziam três, em média. Filipe, Isac, Éder, Leal e Serginho, coadjuvantes de luxo da dupla formada por Wallace e William também estavam jogando muita bola. E foi Éder, central da seleção, quem fechou o set, com uma pancada indefensável: 21/17.
Era impossível não perceber o abatimento dos jogadores do Sesi-SP na volta para o terceiro set. Estava tudo mais difícil do que eles poderiam imaginar. Os saques não entravam com a mesma qualidade, a variação de jogadas do levantador Sandro não surpreendia os adversários e nem as pancadas de Lucão e Sidão faziam estragos, como em tantas e tantas partidas pôde ser visto. Em compensação, tudo dava certo para o Cruzeiro, que levantava a massa ensandecida pela bela partida do seu clube de coração. A cada ponto, a alegria era vista em tons de azul no Mineirinho, um dos templos do esporte brasileiro. E, após desperdiçar três match points, só poderia ser mesmo com um ataque do fera Wallace que a Superliga masculina da temporada 2013/2014 terminaria, com um terceiro set em 21/18 . E a massa gritou em alto volume:
- Bicampeão! Bicampeão! Cruzeiro, Cruzeiro, Cruzeiro!
Cruzeiro: William, Wallace, Isac, Éder, Leal e Filipe. Líbero: Serginho
Entraram: PV e Vinhedo
Técnico: Marcelo Mendez
Sesi-SP: Sandro, Renan, Murilo, Lucarelli, Sidão e Lucão. Líbero: Serginho
Entraram: Thiaguinho, Rogério, Manius e Mão
Técnico: Marcos Pacheco
0 Comentários