Era a primeira vez da levantadora de 26 anos como titular de uma seleção adulta do Brasil, mas parecia uma veterana. Com visão de jogo para distribuir jogadas e personalidade para defini-las - foram seis pontos, Macris deixou uma excelente impressão aos torcedores que lotaram o Ginásio do Taquaral, em Campinas, na manhã deste domingo. Suas bolas para Mari Paraíba e Adenízia fizeram com que as duas saíssem do terceiro amistoso contra o Japão como as maiores pontuadoras da equipe de Zé Roberto Guimarães. Mais do que isso, a seleção "B" canarinho superou a "A" oriental, que contou com sua melhor atleta Kimura Saori durante todos os cinco sets (25/18, 22/25, 20/25, 25/19 e 15/11). Foi a camisa 3 asiática a principal pontuadora do duelo, com 25.
Maior preocupação do comandante, a defesa do Brasil oscilou novamente e foi o quesito mais cobrado por Zé Roberto durante as paradas técnicas. O saque também teve altos e baixos, mas mereceu elogios em determinado momento. O bloqueio foi o que mais cresceu, principalmente com a volta de Adenízia entre as titulares e a boa entrada de Letícia Hage no quarto set. Em outra boa exibição, Mari Paraíba segue como a mais regular desta fase de preparação. As gêmeas Michelle (dor nas costas) e Monique Pavão (problema no abdômen) seguiram fora.
Na próxima quinta-feira, às 16h, no ginásio do Maracanãzinho, as seleções fazem o quarto e último amistoso do "Desafio Brasil x Japão". O confronto fechado ao público terá as estreias do outro grupo de convocadas, que conta com algumas das consideradas atletas principais, como Gabi, Natália, Fernanda Garay e Jaqueline.
O Brasil entrou com quatro alterações em relação ao time de sábado. Entre as mudanças, Zé colocou a levantadora Macris e a ponteira Rosamaria. Convocadas pela primeira vez, as atletas do Pinheiros na última temporada ignoraram a inexperiência e esbanjaram entrosamento e personalidade (8/5). O Japão incomodou as brasileiras no saque. Por duas vezes, as ponteiras falharam na recepção (13/11). A defesa também precisou de ajustes, especialmente nos ataques de Kimura Saori. Porém, bem marcada por Adenízia, a melhor jogadora asiática fez menos estragos do que o seu normal. O bloqueio brasileiro foi responsável por quatro pontos contra um das rivais e ajudou a fechar o primeiro set sem muitas dificuldades (25/18).
O equilíbrio do início de jogo se repetiu. Os ataques eram melhores do que as defesas e os saques não surtiram efeito. Com a bola na mão, Macris era abusada. A levantadora distribuiu bem as jogadas e surpreendeu as japonesas com uma largada de segunda (10/7). Atrás do placar, o Japão precisou de uma passagem de Saori pelo saque para quebrar o passe do Brasil e virar a parcial, com participação de seu montado bloqueio (11/10). Zé colocou Joycinha e tirou Rosamaria, que errou dois ataques consecutivos. As seleções trocaram pontos, com destaque para as viradas de Mari Paraíba e Sakoda (22/22). O técnico japonês colocou sua levantadora reserva Kotoh para sacar em cima de Ellen. De cara, o resultado (24/22). Suelle entrou na vaga de Ellen, mas não teve tempo para fazer muita coisa (25/22).
"Nós precisamos defender". Foi com essa frase que Zé Roberto discursou durante o primeiro tempo técnico. Apesar da mínima vantagem japonesa (8/7), o treinador não gostou dos atrasos do bloqueio e mau posicionamento das defensoras. O Japão também vacilou. Forçou o saque e conviveu com acertos e erros (10/10). Macris continuou bem e achou mais uma bola de segunda. Na variação de jogadas, passou a procurar Adenízia pelo meio. Entre bons ataques, a equipe sofreu com o saque e o ataque nipônico de Saori e Sakoda. As visitantes abriram três (18/15). Zé fez a inversão do 5-1. Dani Lins e Rosamaria nas vagas de Macris e Joycinha, respectivamente. O cenário não mudou. A fragilidade de serviço brasileiro impediu que o bloqueio segurasse o rápido ataque rival. Uma "China" de Yamaguchi deu números finais (25/20).
Com a central Letícia Hage no lugar de Adenízia, o Brasil voltou para o quarto set impondo seu ritmo e melhor no saque e no bloqueio. Macris voltou a pegar a defesa japonesa de calça arriada em outra bola de segunda - a quarta no jogo (8/4). A parada técnica não fez bem, e o time parou de pontuar (8/8). A breve reação pareceu desconcentrar as nipônicas. Erros em sequência do Japão e um ace de Macris (seu sexto ponto no amistoso) devolveram o domínio às donas da casa (12/8). O técnico Manabe mudou sua levantadora. Miyashita entrou no lugar de Fujita e, em sua primeira participação, tocou na rede (16/9). Uma sequência irregular da recepção brasileira fez com que as orientais diminuíssem a diferença (18/15). Porém, as brasileiras souberam dar a volta por cima e fecharam o set, com um bloqueio de Joycinha (25/19).
Em alta desde que entrou no quarto set, a central Letícia Hage foi importante para a pequena vantagem brasileira no tie-break, com um bloqueio e um ponto de saque (3/0). A reação japonesa (4/3) foi interrompida por duas grandes aparições de Macris, uma num levantamento para Bárbara e outra num bloqueio (6/3). O Japão se perdeu no passe e facilitou para a defesa brasileira (8/3). Assim como na segunda parcial, Kotoh saiu do banco e foi pro serviço. Desta vez, não funcionou (11/6). As asiáticas foram pro tudo ou nada e forçaram o saque. A diferença caiu um pouco, mas não o suficiente para evitar a segunda vitória brasileira em três amistosos contra as nipônicas (15/11). Na próxima quinta-feira, o quarto e último amistoso. O Rio de Janeiro receberá o jogo, que terá as estreias das demais convocadas.
Brasil: Macris, Rosamaria, Ellen, Mari Paraíba, Adenízia, Bárbara e Camila Brait (líbero). Entraram: Dani Lins, Joycinha, Suelle e Letícia Hage. Tec: José Roberto Guimarães
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