O veto da Federação Sul-Americana, via Federação Internacional, à participação da seleção brasileira na Copa do Mundo do Japão ainda está entalado na garganta de Bernardinho. Certo de que a decisão foi muito mais política do que apenas esportiva, o treinador, que classificou a ausência do Brasil como absurda, quer recuperar o tempo perdido e usar o Campeonato Sul-Americano de Maceió para testar uma nova formação e dar responsabilidade aos atletas mais jovens. A seleção estreia na competição na quarta-feira, contra o Peru, às 19h, no ginásio do Sesi.
Mesmo com várias baixas no elenco e uma equipe completamente modificada, Bernardinho destaca a importância de manter a hegemonia na América do Sul. Se para a maioria das pessoas a competição não é levada a sério, para o treinador da seleção o Sul-Americano é um torneio oficial e com um grau de dificuldade alto, principalmente devido às circunstâncias.
- Não tem importância? É uma competição oficial e que encerra o ano. Nós estamos lutando para manter a hegemonia na América do Sul, e não será uma tarefa fácil. Estamos no final da temporada e com uma série de desfalques, como do Murilo e do Lipe, que são peças importantes no grupo e vão fazer muita falta. É um momento importante, com um grupo diferente. O Otávio eu nem sei porque perdi, mas não vou ficar brigando com todo mundo. Mas foi estranho, isso é fato. Já o Murilo chegou bem, malhou pela manhã, fez um treino à tarde e em com menos de uma hora de trabalho sentiu a panturrilha e deu uma endurecida na musculatura. Ele parou e saiu. Fico triste obviamente pela lesão, mas principalmente porque ele estava se sentindo bem, tão leve e feliz. Não foi nada muito sério, mas após o exame feito no domingo à noite não teria sentido nenhum correr o risco – afirmou o técnico da seleção.
Além dos desfalques citados, Bernardinho também não poderá contar com o Maurício Borges, que fraturou o quinto metatarso durante os treinamentos em Saquarema, e do central Otávio, que sentiu uma tendinite na partida contra o Sesi, sexta-feira passada, e ficou em São Paulo.
Mas em vez de lamentar as ausências, o treinador prefere destacar alguns jogadores que terão a primeira oportunidade de começar uma competição como titulares. Com exceção do levantador Bruninho, do central Lucão e do líbero Serginho, remanescentes do time vice-campeão olímpico em Londres, jogadores como Isac, Lucas Loh, Evandro, Renan e o próprio Lucarelli terão a chance de assumir a responsabilidade de carregar a seleção.
- A importância dessa competição é que vamos com um grupo totalmente mudado. Tudo isso é importante para nós. É hora de demonstrar maturidade, entender a importância do momento e fazer o que tem que ser feito, que é manter a hegemonia aqui – destacou o comandante brasileiro.
- Foi a pior coisa que podia ter acontecido. Tenho dito isso faz tempo e as pessoas não têm dado importância para isso. A decisão foi via Federação Internacional, mas quem nos impediu de jogar no Japão foi a Sul-Americana. Foi a coisa mais fora de propósito do mundo. Por que a Itália vai jogar o Campeonato Europeu se já garantiu a vaga na Copa do Mundo? Por que os Estados Unidos disputaram a Copa do Mundo de 1995, uma vez que as Olimpíadas do ano seguinte foram em Atlanta? Obviamente que a razão que eles alegam não é correta, é porque somos nós. Mas ninguém fala isso, ninguém bateu que foi um absurdo tirar o Brasil da Copa do Mundo. Eu fico chateado com alguns companheiros, pois se eu tivesse na posição deles e suas seleções fossem prejudicadas assim eu ia falar. Mas não convém falar nada – lamentou Bernardinho
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