Campeãs da Copa do Mundo, do Circuito Mundial e do Pan-Americano. Após um ano de grandes conquistas, Juliana e Larissa vão em busca da única que falta na carreira: a medalha olímpica. Mas antes, é preciso descansar. Por conta do grande número de competições oficiais e dos convites que surgem para disputar desafios e torneios amistosos, elas passam o ano viajando pelo Brasil e pelo mundo. Pelas contas de Juliana, ela passa de 12 a 14 semanas do ano em casa, o equivalente a três meses.
Apesar de um 2011 praticamente perfeito, Juliana afirma que algumas coisas precisam mudar na preparação para as Olimpíadas. Faltando cerca de nove meses para os Jogos, a atleta reclama da grande quantidade de compromissos e da falta de férias.
O plano da dupla é tirar os meses de dezembro e janeiro de férias, mas Juliana sabe que isso é muito difícil, ainda mais ficando no país. Além das quatro etapas que faltam do Circuito Brasileiro, a dupla tem convites para dois amistosos contra as americanas Walsh e May e para o desafio Brasil x Estados Unidos.
Retrospecto positivo no México
As americanas, inclusive, são as maiores rivais das brasileiras. Mas, este ano, não deu para as gringas: dos seis confrontos, a dupla nacional venceu cinco. E foi exatamente um jogo contra Walsh e May que fez com que Juliana e Larissa conquistassem a torcida mexicana, há seis anos.
A primeira vitória sobre as americanas aconteceu em 2005, na última etapa do Circuito Mundial, na cidade de Acapulco. A televisão local transmitia as partidas do campeonato e a dupla brasileira ganhou diversas etapas naquele ano. Por conta de algumas embaixadinhas que fazia antes das partidas, Juliana recebeu o apelido de "Ronaldinha".
A atleta conta que não acreditava quando o técnico da dupla mexicana exaltava o carinho que a população local tinha por elas.
- Quando chegamos lá, ficamos surpresas. Eles acreditavam mais do que a gente que íamos vencer. Antes do jogo da semifinal, uma criança me deu uma camisa de Nossa Senhora de Guadalupe e eu vesti. A torcida na arena veio abaixo - relembra.
A partida entrou para o Livro dos Recordes como a mais longa e com o maior número de pontos em um jogo de vôlei de praia. Foi 1h42m de disputa, com o segundo set terminando em 42 a 40. A dupla brasileira demorou cinco horas para sair da Arena, entre cansaço e atendimento aos fãs. Na volta, Juliana lembra ter ficado impressionada com a repercussão do título. No embarque para o Brasil, já na Cidade do México, agentes da alfândega mexicana pediam para tirar fotos, o piloto, que mantém contato com Juliana até hoje, as convidou para ir à cabine e anunciou que elas estavam no voo.
Quartos separados para evitar brigas
Juntas desde 2004, Juliana e Larissa têm personalidades muito diferentes. A primeira gosta mais de cidade, praia e música, enquanto a segunda é mais calma, preferindo fazenda e tranquilidade. Com tanto tempo de convivência, brigas são inevitáveis, mas para tentar diminuir o desgaste, as duas ficam em quartos separados quando viajam. Juliana reclama que o celular da companheira não para de tocar enquanto ela quer descansar.
Elas somam mais de 15 títulos entre competições brasileiras, continentais e mundiais. A última conquista foi a medalha de ouro no Pan-Americano de Guadalajara. A final não foi fácil. As brasileiras enfrentaram as donas da casa e uma arena lotada. Dessa vez, obviamente, os mexicanos torceram contra.
- A gente nunca tinha passado por isso. Eram cinco mil pessoas torcendo contra, o chão tremia - comenta, acrescentando que a medalha foi dedicada ao pai, aniversariante no dia seguinte.
Mesmo frustrando a festa dos torcedores locais, Juliana conta que elas foram aplaudidas ao conquistar o título. E as próprias adversárias reconheceram que o carinho foi por conta da história das brasileiras naquele país.
Juliana não gosta de pensar nas Olimpíadas de 2016. Mas confessa que seria um sonho encerrar a carreira após uma medalha olímpica em casa. Comenta que ambas estão na plenitude fisicamente e garante que pretende continuar a parceria com Larissa até quando o corpo aguentar.
Planos de ser mãe no futuro
Com uma rotina tão desgastante, Juliana afirma que não tem como pensar em filhos agora. Com 28 anos, ela garante que é o que mais quer na vida e cita o exemplo da ex-jogadora Leila, que foi mãe aos 38 anos.
- Agora é a hora de ganhar dinheiro. Ter filho para a babá criar? Então eu não vou ser mãe, só vou colocar no mundo. Eu quero ver, quero trocar fralda. Não dá, tem que ser planejado com calma.
A atleta namora há quase três anos com o carioca Rodrigo, que a acompanha em quase todas as viagens nacionais. Ele é praticamente um amuleto da sorte, já que Juliana garante que joga melhor quando o namorado está por perto. No último mês, ele tirou férias para acompanhá-la no Circuito Mundial e ouviu da rival americana Walsh que a brasileira realmente melhora quando Rodrigo está por perto.
Morando em Fortaleza, a atleta encontra o namorado sempre que consegue passar pelo Rio. No próximo fim de semana, Rodrigo vai aproveitar para acompanhar a namorada na etapa de Maceió do circuito nacional. O único problema é que o namorado é muito ciumento, enquanto ela garante ser muito tranquila.
- Eu falo para ele: "Imagina se eu fosse bonita?" - brinca.
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