As arquibancadas estavam cheias no ginásio de Hamamatsu, um dos redutos de brasileiros no Japão. Na quadra, a comissão técnica não queria repetir o erro cometido contra a China e escalou os titulares. Cenário perfeito para o Brasil voltar aos eixos na Copa do Mundo. Mas uma discussão no segundo set entre o líbero Serginho e o técnico Bernardinho marcou a vitória por 3 a 0 sobre a Argentina (25/22, 25/20 e 25/21).
O entrevero ocorreu durante uma parada técnica, quando a seleção tinha 16/13 no placar. Normalmente acostumado a distribuir broncas, Bernardinho dessa vez engoliu a seco o desabafo do defensor brasileiro, incomodado com os excessivos erros da equipe.
- Esse tipo de coisa faz parte. Não conseguimos jogar calado. A nossa equipe tem um espírito guerreiro dentro da quadra e isso foi uma discussão normal. Já havia acontecido em outras vezes. O importante é que o campeonato segue e vamos seguir unidos como sempre. Se for pra discutir e vencer por 3 a 0 sempre, não tem problema - minimizou Serginho, logo após a partida.
O jogo
Assim como nas partidas contra a Itália e contra a China, o Brasil não começou bem. Logo de cara, a Argentina fez 2 a 0. Sem Conte, poupado com dores no joelho, as jogadas de ataque se concentravam no oposto Pereyra e no ponteiro Quiroga, que exploravam bem o bloqueio. Sempre que tentava igualar o marcador, os brasileiros cometiam erros infantis. A vantagem no marcador só veio na metade do set (14/13) e se consolidou apenas no primeiro ponto de bloqueio do jogo, quando Giustiniano foi parado na saída de rede (18/15).
Porém, quando tudo parecia se caminhar para um final de set tranquilo, o serviço não entrou, Giba acabou bloqueado por Castellani e Bernardinho foi obrigado a pedir um tempo com o placar marcando 22/22. Nessa hora, Seginho fez as vezes de técnico e deu uma bronca geral. O resultado foi imediato e o Brasil fechou a parcial com três pontos consecutivos.
No segundo set, quem apareceu foi Leandro Vissotto. Principal pontuador do jogo, com 17, o oposto se aproveitava da baixa estatura dos argentinos para atacar. Além disso, anotou pontos de saque e bloqueio, fundamentos que a seleção não foi bem. Só que do lado de fora da quadra, quem se destacava era Serginho. Quando a seleção abriu 16/13 e tudo parecia se tranquilizar, ele cobrou o técnico Bernardinho aos berros. Giba bem que tentou afastá-lo, mas viu o companheiro encarar o treinador novamente. E de forma surpreendente, o comandante brasileiro se abateu.
A partir daí, o que se viu foi um Bernardinho atônito. A cada pedido de tempo, apenas acompanhava a conversa dos jogadores. Durante os pontos, à beira da quadra, não passava nenhuma orientação. A reação de Serginho foi tão inesperada que o técnico parecia ter saído completamente do jogo. Mesmo sem a presença ativa do treinador, a seleção se arrumou em quadra e fez 25/20.
Na terceira parcial, o Brasil se mostrou disposto a fechar o jogo o quanto antes e chegou a abrir 17/10. Mas os argentinos em nenhum momento se entregaram. Uma sequência de erros da seleção reduziu a vantagem para 21/18 e depois para 22/20. Foi então que um reserva tratou de esfriar os ânimos dos adversários. João Paulo Bravo impediu o contra-ataque da Argentina com um bloqueio. No fim, 25/21 e a quinta vitória em seis jogos na Copa do Mundo, que mantém a seleção em terceiro lugar na classificação.
- Estivemos um pouco apáticos no início do jogo e, independentemente do resultado, temos que buscar uma melhora de atuação sempre. Acho que hoje não alcançamos esse objetivo de melhorar e de usar o jogo de hoje como um degrau a mais para conseguir um desempenho ainda melhor - disse Bernardinho.
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