Sada Cruzeiro se firma como oásis de estabilidade no vôlei brasileiro

Wallace se apresentará nesta segunda-feira à seleção brasileira de vôlei, em Saquarema, pronto para dar sequência à sua trajetória de quase três anos no time nacional. E o oposto de 26 anos sabe que tornou-se conhecido do público brasileiro, e teve a chance de disputar os Jogos Olímpicos de Londres, graças às suas boas atuações pelo Sada Cruzeiro. O jogador é uma das peças mais importantes do time que há duas semanas conquistou o título mundial, feito inédito para o vôlei masculino do Brasil - Wallace, aliás, foi eleito o melhor jogador do torneio. Antes da equipe mineira, vice-campeã em 2012, apenas o Banespa havia chegado a uma final.

Sada Cruzeiro conquistou o título mundial de 2013 - Divulgação - 20/10/2013


Encontrar jogadores identificados com seus clubes é tarefa difícil no Brasil. Por causa dos prazos de validade dos patrocínios, equipes vão e vêm e atletas vagam de time em time. No campeão do mundo, entretanto, não funciona assim. Uma base com jogadores como o levantador William, o central Douglas Cordeiro e o líbero Serginho tem sido mantida pelo menos desde 2010 e é comandada pelo argentino Marcelo Mendez desde o ano anterior.

Apostando na continuidade, o Sada Cruzeiro tornou-se campeão de tudo - venceu três Estaduais (e está na final da edição de 2013), conquistou a Superliga e foi campeão sul-americano em 2012 até chegar ao topo do mundo ao derrotar o Lokomotiv Novosibirsk, da Rússia. Por trás da história de sucesso está o Grupo Sada, que atua em diversos setores - de transporte à mídia. O time foi criado em 2006, com o nome de Sada Betim, e dois anos depois já tinha projetos sociais (agora, também equipes de base). Em 2009, firmou parceria com o Cruzeiro e ganhou não só o nome do time de futebol, mas também apoio estrutural e estimados oito milhões de torcedores.

Douglas Cordeiro é o atleta há mais tempo no clube, desde 2008. Antes, portanto, da chegada do Cruzeiro. A união com um clube de futebol, ele confessa, trouxe algumas dúvidas. "A gente sabe que o futebol não é esporte, é religião, e o vôlei fica em segundo plano. Disputei minha primeira Superliga no Fluminense, em 1997, e foi difícil, ficamos sem salários", contou o jogador de 34 anos, recordista de participações no torneio (16). "O Cruzeiro é organizado e a parceria é muito boa. A administração é feita pelo Sada e podemos usar a estrutura da Toca da Raposa, por exemplo."

Wallace chegou ao time após uma boa temporada de estreia pelo extinto Vôlei Futuro. Tinha dúvidas sobre a transferência porque queria continuar como titular, mas foi seduzido por uma proposta incomum: contrato de três anos. "No melhor do mundos, é oferecido um contrato de dois anos", disse ele. "Normalmente é de um ano, ou menos, uma temporada. Por isso, não havia como o projeto acabar de repente. Confiei, e é isso o que me faz querer ficar no time."

A estabilidade e, especialmente, a tranquilidade para jogar também convenceram William a deixar seu "reinado" na Argentina - jogou pelo Dream Bolívar e teve até proposta de naturalização - para voltar ao Brasil em 2010. "O trabalho é muito bem feito e se preza pela continuidade do projeto. Os times duram um, dois anos e o Sada Cruzeiro tem quase oito." O próximo sonho da equipe é voltar a conquistar a Superliga - foi finalista das últimas três. Por enquanto, é a líder invicta do torneio, com seis vitórias. "Eu já ganhei tudo. Agora, quero começar a conquistar o bi", brincou o levantador e capitão.

Texto de Amanda Romanelli - O Estado de S. Paulo



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