Quem acompanhou o vôlei brasileiro nos anos 90 não apaga da memória o período glorioso do Leite Moça (SP). Comandado por Sérgio Negrão, atual técnico do Brasília Vôlei, o time conseguiu um feito que nenhum outro rival repetiu: conquistar de forma invicta o título da Superliga Feminina.
Nesta quinta-feira, o treinador encontrará um concorrente em alta, que caminha para mudar esta história. O Brasília encara o Molico/Osasco, de Luizomar de Moura, às 19h, em Osasco (SP), no primeiro jogo da série melhor de três das quartas de final.
Luizomar conduziu a equipe paulista a uma invencibilidade de 26 partidas na atual temporada. Por outro lado, Negrão está marcado na história pelo título de forma invicta à frente do Leite Moça na Superliga 1995/1996, quando obteve o mesmo número de triunfos.
Se consideradas as vitórias que se seguiram na edição 1996/1997, o feito do treinador do Brasília é ainda mais expressivo. Ao todo, ele venceu 39 jogos em sequência. Porém, vale lembrar que o número de participantes naquela época era menor. Em 1995/1996, dez equipes brigavam pelo título. Hoje, a disputa conta com 14 times.
– Fico bastante feliz pelas conquistas do Luizomar. Ele foi meu assistente durante três anos. É uma pessoa por quem tenho o maior carinho e que está fazendo uma carreira vitoriosa – disse Sérgio Negrão, que trabalhou com o rival entre 1997 e 2000 pelo Leites Nestlé e pelo BCN/Osasco (atual Molico/Osasco).
Diante da chance de superar a marca de Negrão, Luizomar diz que prefere exaltar a memória de um time vitorioso que ficou no passado.
– Não penso muito nessa marca, mas se tem algo bacana nisso é o fato de resgatar a lembrança de uma grande equipe, que foi o Leite Moça. É uma forma de homenagear o Sérgio, lembrar jogadoras como Ana Moser, Fernanda Venturini, Ana Paula, Simone Perereca, Karin, entre outras – lembrou o treinador.
O Brasília chega aos playoffs após uma campanha de altos e baixos na primeira fase, quando terminou em oitavo, com dez vitórias e 16 derrotas. Mesmo com as dificuldades enfrentadas na temporada de estreia, o time tem motivos para comemorar: a continuidade está assegurada.
A diretoria da equipe, capitaneada pela ex-jogadora Leila, já tem a palavra dos atuais patrocinadores e ainda está atrás de novos parceiros.
Brasília vai com time remendado
A missão do Brasília em busca de uma vaga na semifinal da Superliga promete ser dura. Na reta final do returno, Sérgio Negrão perdeu a ponteira Paula Pequeno e a levantadora Camilla Adão e terá de encarar o Molico com um elenco remendado.
Paula teve uma torção no tornozelo direito na partida contra o Vôlei Amil, mas deve retornar na semana que vem. Em seu lugar, jogará Jú Maranhão. O caso mais grave é o de Camilla, que torceu o joelho direito durante um treinamento. A suspeita é de ruptura do ligamento cruzado anterior.
– Estou encarando como a grande chance da minha vida. Joguei a partida contra o Vôlei Amil na última rodada do returno e me senti muito à vontade. As meninas mais experientes têm me ajudado – disse a levantadora Flavinha, que substituirá Camilla nos playoffs.
Luizomar minimiza invencibilidade
Para o técnico Luizomar de Moura, a sequência de 26 jogos sem derrota na primeira fase da Superliga não significa muito para o Molico/Osasco a partir de agora.
– Chegar invicto nos playoffs não faz diferença, porque as equipes começam zeradas. A única vantagem é o fator casa em um eventual terceiro jogo – afirmou o comandante.
Embora tenha mantido os 100% de aproveitamento no torneio nacional, a equipe de Osasco chegou a perder em outras ocasiões. A mais recente foi na decisão do Sul-Americano de Clubes, quando o time caiu diante do Sesi, em fevereiro deste ano.
– A temporada não se resume à Superliga. Aquela derrota para o Sesi foi importante para vermos como o grupo reagiria. E elas conseguiram manter o ritmo – disse.
Depois de se enfrentarem em Osasco, Molico e Brasília farão a segunda partida da série melhor de três na quinta-feira da semana que vem, no Sesi Taguatinga.
Bate-Bola
Sérgio Negrão
Técnico do Brasília Vôlei
‘Mesmo com desfalques, pensamos em superação’
Você lembrava que está prestes a ter a marca de vitórias seguidas quebrada pelo Luizomar?
Sim. Até comentei com ele quando nos encontramos na reunião dos clubes com a CBV. Lembrei que aquela Superliga 1995/1996 nós ganhamos invictos e depois tiveram mais 13 jogos. Aquele time tem uma invencibilidade de 39 jogos.
O Brasília terá dois desfalques. O que muda na forma de jogar?
A Juliana não é tão forte no bloqueio e no ataque como a Paula, mas leva vantagem na recepção. Espero que ganhemos nesse fundamento para podermos acionar mais as jogadas em velocidade. A Flavinha está pouco entrosada com o time, mas é uma jogadora de qualidade.
O que você tem dito às jogadoras para tentar surpreender o Molico?
Digo que será um jogo de superação. Mesmo com os desfalques que temos, esse é o nosso pensamento.
Qual é a situação clínica da Paula após a lesão no joelho?
O tratamento surtiu efeito. Ela está bem e já evoluiu bastante. Acho que na partida de semana que vem (na próxima quinta-feira) contaremos com ela.

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