José Roberto Guimarães não consegue esconder a preocupação com o vôlei feminino brasileiro, principalmente depois do anúncio do provável fim da equipe do Campinas, um dos quatro grandes times do país. Algumas importantes jogadoras agora estão sem clube e devem ter dificuldade para encontrar uma nova casa para disputar a Superliga feminina. Novas regras limitam ainda mais a quantidade de atletas bem ranqueadas por equipe. O técnico da seleção, na verdade, nem faz questão de disfarçar seu descontentamento. Sem "meias palavras", deixa claro ser totalmente contra o sistema de ranqueamento adotado no Brasil.
- Na reunião do ranqueamento, fui o único técnico contrário à continuidade do ranking. Não sou a favor. Tem técnicos e dirigentes que preferem o ranking. Mas eu acho que não é o ideal. A minha opinião é contrária. Desde o início eu fui contra. Acho que o ranqueamento tinha que acabar. Mas, como a maioria vence, não tem o que fazer - afirmou o técnico tricampeão olímpico, durante concentração da seleção brasileira em Saquarema, nesta quarta-feira.
Até a temporada 2013/14, cada equipe poderia ter três jogadoras de nível 7. Na nova assembleia realizada recentemente, porém, os clubes decidiram não apenas manter o ranking como também restringir ainda mais o número de jogadoras de nível 7. A partir da próxima edição, só serão duas por time. O objetivo com isso é equilibrar ainda mais a Superliga feminina.
Apenas quatro equipes tinham condições de bancar a contratação de jogadoras de nível 7 (campeãs olímpicas): Rio de Janeiro, Sesi-SP, Osasco e Campinas. Sem a equipe campineira e com as novas regras, há apenas seis vagas para oito jogadoras de nível máximo (Thaisa, Sheilla, Jaqueline, Fabiana, Dani Lins, Natália, Tandara e Fernanda Garay).
- Acho que a Confederação teve uma participação importante. Ela deixou os clubes decidirem. Então, quem decidiu pelo ranqueamento foram os clubes. Eu fui contra até o meu clube, porque fui para reunião como técnico da seleção. Como eu não ia ficar no clube, o Paulinho (Paulo Coco) foi como técnico do Campinas. Ele é a favor do ranking. Isso vai da cabeça de cada um. Eu acho que vai ter que readequar – opinou Zé Roberto.
A grande preocupação do treinador da seleção brasileira é que, sem lugar para atuarem aqui no Brasil, algumas das principais estrelas do país devem acabar jogando fora. Para Zé Roberto, o ideal seria tê-las por perto, competindo na forte liga brasileira e em contato sempre com técnicos, fisioterapeutas e outros profissionais daqui.
Assim como o técnico, algumas jogadoras já se manifestaram contra o sistema de ranqueamento. Sheilla, Thaisa e Jaqueline foram algumas das atletas que já se mostraram inconformadas com a situação atual.
- Esse negócio do ranqueamento está prejudicando todas as jogadoras. Ficamos sabendo que o Campinas também fechou. Agora as duas jogadoras (Natália e Tandara) estão desempregadas. Lógico que elas vão conseguir trabalhar mas, com esse negócio de pontuação, nós não temos o direito de escolher nada. São os clubes que escolhem agora. Nós é que fazemos o espetáculo, mas infelizmente não temos portas abertas aqui por causa do ranqueamento. Está sendo complicado para a gente. Estamos em busca de tentar mudar alguma coisa, mas é meio difícil agora – desabafou Jaque, que também está sem clube.
0 Comentários