Os dias de Giba como jogador de vôlei estão chegando ao fim. E os brasileiros não devem ter mais a chance de ver de perto o campeão olímpico em Atenas (2004), eleito seis vezes o melhor do mundo. Após passagem frustrante pelo Al-Nasr, dos Emirados Árabes, de onde foi demitido em meio a uma série de promessas não cumpridas pelos dirigentes, ele está de olho na Europa. E afirma que não recebeu nenhuma proposta do Brasil.
O destino mais provável do atleta, de 37 anos, é a Polônia, embora tenha sondagens da Rússia e da Itália. Sobre o futuro pós-quadras, até cogita fazer parte da administração do vôlei brasileiro. Mas não de imediato.
Por enquanto, faz palestras pelo país, participa de eventos do Comitê Olímíco Brasileiro (COB) com o objetivo de divulgar os esportes olímpicos e planeja um fim de carreira por cima. Entre um e outro compromisso, ele recebeu a reportagem do LANCE!Net.
Quando você deixou a Seleção Brasileira, em 2012, disse que jogaria mais dois anos. Eles vieram. Está na hora de parar?
Não se pode dizer que estou aposentado. Tenho propostas, estou estudando e ainda quero jogar. Infelizmente, nenhuma do Brasil. Não sei o que acontece nesse país, que não dá valor às pessoas que lutaram por ele. Mas já me acostumei com essa situação.
Então não tem perspectiva de encerrar a carreira no Brasil, como você dizia que queria?
Vontade é algo que dá e passa. Eu queria parar aqui, mas infelizmente não é a realidade. Nessas horas a gente repensa tudo o que viveu, as pessoas que passaram pelas nossas vidas. Mas não guardo nenhum rancor.
Que países estão te sondando?
Recebi algumas propostas da Itália, onde morei por seis anos e tenho um carinho maior, afinal, sou de família italiana, da Polônia, onde o vôlei que está crescendo e é o esporte número um, e da Rússia, que também já conheço. A Polônia seria uma ótima opção e é a que estou analisando com mais carinho.
Quando você voltou dos Emirados Árabes, divulgou nota à imprensa afirmado que foi desrespeitado. Por quê?
Eles nunca tiveram atletas profissionais lá, e os únicos que tinham mandaram embora, como um jogador de futebol que foi da seleção italiana. Se você fez um contrato de sete meses, tem que pagar. A decepção foi muito mais por eu não ter conseguido mudar nem um fio de cabelo a mentalidade deles. Não é a toa que os Emirados Árabes são um dos países que mais têm obesidade infantil. Eles não souberam usar minha experiência. Não consegui agregar valores a eles.
Considera um erro ter ido?
Negativo. Nunca me arrependo do que fiz. Só do que não fiz. Cada experiência é única. Não deu certo. Agora, é partir para outra.
Como é o vôlei nos Emirados Árabes? Quem joga lá?
O vôlei para eles é um hobby. Não treinam como profissionais, têm outros empregos. Tem dias que vão treinar quatro, em outros vão seis, outro dia vão 11. Quatro do time trabalham na alfândega, três são bombeiros, quatro são policiais, dois, militares. Não consegui mudar isso.
Diria que não souberam receber um atleta campeão olímpico, de alto nível?
É complicado, porque é da cultura deles. O dirigente me prometeu uma passagem de classe business daqui para lá. Não tem como eu fazer uma viagem de 15 horas e meia com meus filhos de econômica. Não sou pequeno. E o vice-presidente da Emirates (companhia aérea) era presidente do clube. E eu tive que tirar do meu bolso. Ou seja, paguei para jogar. E ainda fiquei sem receber uma parte do contrato.
Como está vendo o vôlei brasileiro? A campanha irregular na Liga Mundial preocupa?
Não foi nenhuma surpresa o crescimento do time. Mais uma vez, chegamos na final. Não sei por que ainda duvidam dessa Seleção no início de trabalho. É ano de Mundial, mas a preparação é a mesma de todos os anos, voltada para o principal objetivo. Quem sabe não perdemos a Liga para ganharmos o Mundial, como aconteceu em 2002?
O RJ Vôlei fechou as portas. A Superliga tende a decair?
O momento é complicado. Com a Copa do Mundo, a parte econômica do país ficou voltada para o evento. Agora vai começar a se pensar melhor nos esportes olímpicos. Gosto do futebol, mas lamento o pensamento das empresas de não imvestir em outras modalidades.
Como você está fisicamente?
Estou treinando, mantendo a forma física. Hoje estou 75%. Preciso volta a ter o ritmo de jogador. Tenho cuidado mais do corpo. É bem diferente. Mas como lá fora os times se apresentam a partir do dia 20 de agosto, quando a temporada começa de verdade, até lá estarei 100%.
Ficou alguma mágoa em relação ao Ricardo Navajas depois de sua passagem por Taubaté?
Nenhuma. Infelizmente ele agiu de má fé em alguns aspectos que não vêm ao caso. É algo que tenho que decidir na frente dele, não pela mídia. Mas fico feliz que Taubaté tenha conseguido patrocinadores, trouxe Dante, Raphael, Lorena, Sens. Só tenho a agradecer o que passei. Foi um desgaste que aconteceu como em qualquer empresa.
Você por um tempo lutou na Justiça para ver seus filhos (que teve com a ex-jogadora romena Cristina Pirv)? Como é sua relação com eles hoje?
Vejo eles um fim de semana sim, um não. Falo praticamente todos os dias, por telefone, por Skype. Não está do jeito que eu queria porque eles não estão comigo, e sim com a Cristina. Mas passaram um mês comigo em Dubai.
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