Campeão mundial e olímpico com a seleção brasileira de vôlei, o líbero Serginho "Escadinha", de 38 anos, demonstrou preocupação com o futuro da modalidade no Brasil. O jogador do Sesi-SP esteve em Santos para disputa da Copa São Paulo, da qual foi vice-campeão - o Campinas ficou com o título.
Após Bernardinho, técnico da seleção brasileira, ter criticado a falta de planejamento na busca de novos talentos para o vôlei nacional, Serginho, que integrou a geração mais vitoriosa da Seleção, falou sobre a falta de projetos para "garimpo" de promessas no país.
- Temos material humano, mas não estamos sabendo aproveitar. Além da boa estatura e força física, o brasileiro tem talento e muita habilidade. Durante alguns anos conseguimos nos manter no topo das seleções principais e de base, no masculino e feminino, mas a realidade atual é bastante diferente. Demos uns três passos para trás e precisamos voltar a trabalhar sério com esses jovens, mostrando a eles a importância de uma seleção brasileira - disse.
Serginho destacou a estrutura de trabalho da Seleção, tanto para a base quanto para a equipe principal, mas disse que a maioria dos clubes não tem condições de manter este nível de excelência em todo o Brasil.
- Nós temos uma ótima estrutura para a Seleção em Saquarema, mas apenas três ou quatro clubes conseguem nivelar esta estrutura no país. É muito pouco. Podemos formar boas seleções, mas estamos bastante atrás dos Estados Unidos, por exemplo, quando o assunto é "garimpar" novos atletas. Sabemos que há bons jogadores no Pará, no Amazonas, mas não conseguimos dar sequência a essas carreiras - afirmou.
Serginho abordou também sobre a responsabilidade da nova "safra" da Seleção após o legado de títulos deixado pelos campeões mundiais e olímpicos. Ele disse que a cobrança não pode ser feita com base na comparação dos times e se mostrou esperançoso com o desempenho da equipe nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016
- É engraçado falar, mas essa geração em que joguei, com Giba, Nalbert, Giovanni, Mauricio, Ricardinho, Gustavo, André Nascimento, entre outros, deixou o torcedor mal acostumado. Penso que temos um bom time e tenho total convicção de que a Seleção vai conquistar o ouro em 2016. É claro que não vai conseguir o que a geração passada obteve, porque nós conquistamos muitos títulos em sequência e passamos o "carro" em cima de todo mundo. É muito difícil manter um time no topo vencendo vários torneios durante muito tempo - disse Serginho, que falou também sobre Mario Junior, seu sucessor na Seleção.
- Por ser o reserva imediato durante muito tempo, o Mario Junior entrou na equipe naturalmente. Mas precisamos trabalhar outros jovens na função, porque o Mario tem 32 anos. Temos o Felipe, que vem sendo convocado, o próprio Tales, que joga conosco no Sesi-SP e outros que precisam ser observados e colocados para jogar. Quando estava na Seleção, o Mario acompanhou toda minha evolução e agora é a vez de alguém ser lapidado acompanhando os jogos dele - concluiu.
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