O olhar confiante do aquecimento foi perdendo intensidade rapidamente. Dava lugar a outro, com ar preocupado, diante daquele Brasil que sacava muito bem e dava de ombros às provocações de Alexey Spiridonov, o "Tintim". Nem mesmo o gigante Muserskiy conseguia minar a atuação segura dos tricampeões. Neste domingo, a seleção brasileira bateu novamente a Rússia - a quem já superara na fase final da Liga Mundial - e segue agora como o único time invicto no Mundial da Polônia: 3 sets a 1, parciais de 25/21, 24/26, 25/19 e 25/19.
Com o nono triunfo, o Brasil avançará como o primeiro colocado do Grupo F para a terceira fase da competição, em que dois triangulares definirão os semifinalistas. Os dois próximos adversários sairão de um sorteio que será realizado ao final desta rodada, em Lodz. Apenas as seis melhores equipes seguirão na briga pelo título.
- Essa vitória é fundamental para dar mais confiança. Spiridonov é meu amigo, tivemos bons momentos na Rússia, como companheiro de clube é bacana, mas contra é meio chato. Ele quer atrapalhar o foco no jogo. Ele faz as gracinhas dele, a gente passa por cima. O Makarov é o jeito dele, deu um ponto para a gente. Essa é atitude de quem tem medo - disse Leandro Vissoto ao SporTV após a partida.
Os dois aces de Bruninho, seguidos de outro de Lucão, faziam Muserskiy reunir os companheiros no centro da quadra na tentativa de entender o que estava acontecendo. Não havia sorrisos. Mais outros quatro saques sem defesa estavam por vir, caindo bem ali pertinho de Spiridonov. O provocador estava mais contido, embora tenha dado uma encarada em Murilo após um ponto. Não viu, porém, um músculo do rosto do brasileiro mostrar qualquer sinal de abalo. O Brasil continuava fazendo estragos no saque, estava atento ao gigante e ditava o ritmo (18/10). Andrey Voronkov trocava as peças. Bernardinho também. Optava pela inversão, com Rapha e Vissotto nos lugares de Bruninho e Wallace. Os adversários tiravam proveito dos erros da seleção e começavam a reagir (20/16). Mas os tricampeões tratavam de colocar ordem na casa. Wallace e Bruninho voltavam ao jogo, e Lucão não encontrava quem o parasse. Nem Lucarelli: 25/21.
Muserskiy lamentava a cada falha de sua equipe, mas dava força para que Savin não se deixasse levar pelo mau momento (4/1). O craque do time também cometia as suas. Desperdiçava o serviço, não parecia tão efetivo no bloqueio como de costume. Mas quando conseguia cravar uma bola no chão, cerrava os punhos. Tinha só cinco pontos na conta. O Brasil também fazia o mesmo depois de uma bola de segunda de Bruninho, seguida de um saque venenoso de Lucarelli (16/13). Mesmo sem Wallace, que deixou a quadra com dores no pé esquerdo depois de tentar bloquear Spiridonov, o time se mantinha no comando. Até o paredão russo começar a funcionar (17/17).
Muserskiy ia para o saque, e a Rússia virava (22/21). Bernardinho parava o jogo. Na volta, o gigante não tinha a mesma precisão e se lamentava. A igualdade prevalecia (22/22). O treinador russo andava de um lado para o outro. Um saque para fora de Lucarelli dava o set point aos campeões olímpicos. O primeiro foi salvo. Na segunda chance, a disputada era parada. Moroz estava caído na quadra depois de ter torcido o tornozelo ao pisar no pé de Murilo na descida de um bloqueio. Na retomada, um saque para fora de Vissotto fazia os russos respirarem: 26/24.
Sem poder contar com Pavlov, seu oposto titular, e agora com Moroz, seu substituto, Andrey Voronkov tinha um bom problema a administrar. Em algumas passagens, Muserskiy assumiria a função. O Brasil construía uma vantagem confortável (9/5). Mas Muserskiy teimava em se colocar na frente de Lucão. A resistência não duraria muito. Os russos forçavam demais o saque e davam pontos de graça (17/10). Vissotto roubava mais outros. O jogo seguia quente. Spiridonov comemorava cada ponto olhando para os rivais, provocando. Mas o Brasil nem ligava: 2 a 1, com 25/19.
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