Foi uma final bem longe daquelas dos áureos tempos de Brasil e Peru no Sul-Americano, completamente diferente da de 1981, quando Fernanda, Célia & Cia quebraram a invencibilidade das pentacampeãs e proporcionaram um alvoroço dentro do ginásio de Santo André. Neste sábado, as únicas duas seleções detentoras do troféu do torneio reviveram o passado, mas sem o mesmo glamour. O povo de Cartagena, que compareceu em bom número no Coliseu Northon Madrid, viu as atuais bicampeãs olímpicas atropelarem as enfraquecidas peruanas e levarem a quinta vitória consecutiva, todas por 3 sets a 0 (25/17, 25/21 e 25/13). O título sul-americano foi o 11º consecutivo e o 19º no total - o Peru tem os outros 12. No confronto direto em decisões, o time de José Roberto Guimarães se aproximou da diferença a favor das rivais (12 a 10). Na disputa de terceiro lugar, as colombianas comemoraram muito a vitória sobre as argentinas por 3 sets a 2.
- É sempre um título importante porque se mantém a hegemonia na América do Sul. Desde que o Brasil passou a ser o time a ser batido na América do Sul, todo mundo quer ganhar, ganhar set. Sempre muito difícil. Não é fácil ganhar um Sul-Americano - declarou o técnico Zé Roberto Guimarães.
Se em 1981, sua participação na finalíssima não passava de incentivos da arquibancada, em 2015, o técnico Zé Roberto Guimarães foi o condutor desta geração dourada. Seguindo o planejamento de rodízio entre as jogadoras, ele mexeu na formação titular em relação ao jogo contra a Colômbia, pela semifinal. Camila Brait retornou no lugar de Léia. Com uma virose contraída na sexta-feira, Adenízia sequer recebeu a medalha de ouro no ginásio. Suas companheiras posaram no pódio com sua camiseta.
- Acabou que a Adenízia estava um pouco mal ontem à noite, acordou muito mal hoje, pegou uma virose que atingiu outras jogadoras aqui no campeonato, teve um pouco de febre, não se sentiu nada bem e não teve condições de vir jogar. Mas a gente trouxe a camisa dela para poder homenageá-la. Sei que ela vai ficar muito feliz. Para a gente, ela esteve dentro de quadra e vamos levar esse prêmio para ela - disse a MVP.
Natália foi a maior pontuadora da final, com 16 acertos, e pintou como a favorita para levar o prêmio de MVP (melhor jogadora da competição), Mas ele foi dado para sua companheira de posição, time (Rio de Janeiro) e camisa canarinho Gabi, que anotou 11 e esteve presente na seleção do campeonato, junto com Juciely, eleita uma das melhores centrais.
O fim do Sul-Americano marca também o término do calendário da seleção brasileira neste ano. A delegação retorna neste domingo para o Brasil, onde cada atleta se apresentará aos seus respectivos clubes para a temporada. As meninas voltam a se reunir em abril de 2016, quando darão continuidade à preparação olímpica.
Cartagena é verde-amarela
A potência das ponteiras deu ao Brasil uma boa vantagem no início do jogo. Gabi de um lado e Natália do outro venceram o bloqueio peruano (8/3). Sem a mesma variedade do que Dani Lins, Muñoz buscou a força de Leyva, sem sucesso. A parada técnica não fez bem ao Brasil. Dois aces rivais e dois erros de passe colocaram as adversárias na partida (12/10). Natália, em contra-ataque do fundo, e Fabiana (bloqueio e ataque) colocaram a diferença na casa dos cinco (16/11). O crescimento da central fez Dani insistir com bola de meio. Pontuar ficou difícil para o Peru. Foi, justamente, uma central que fechou a parcial. Juciely, em bola chutada (25/17).
O nível técnico da partida caiu, muito por culpa do Brasil e seus erros na defesa e no passe. Não fosse sua superioridade técnica, o segundo set poderia ter ido para o outro lado. Desconcentradas, as meninas viram o serviço de Regalado ajudar o Peru a fazer o que nenhuma outra seleção do campeonato havia conseguido: ficar duas rotações à frente no placar (8/7). Zé chamou a atenção: "joga o jogo". O time melhorou, virou o placar, mas a atuação era irregular (16/12). A entrada de Gomez no saque quebrou a recepção do Brasil. O Peru conseguiu ser a única das cinco seleções a anotar mais de 20 pontos numa parcial. Só que Juciely, outra vez, decretou o final do set (25/21).
O desempenho anterior despertou as brasileiras. O saque rente à rede de Natália criou problemas no passe peruano. Juciley fechou a porta três vezes. Gabi, outra (8/2). O Peru desmoronou, o passe saiu ruim, o levantamento fora do tempo e o ataque sem direção. Aquela rivalidade de fazer os torcedores roerem as unhas ficou no passado. Após três tentativas fracassadas no bloqueio adversário, o 11º título sul-americano consecutivo veio com um saque para fora das peruanas. O que todos sabiam antes de começar a competição aconteceu. Brasil, campeão pela 19ª vez (25/13).
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