Quem vê o técnico Bernardinho na lateral das quadras, à beira de um ataque de nervos a cada jogo da seleção brasileira, certamente imagina: não deve ser fácil ser filho desse cara. Imagine, então, jogar no time que está tirando esse homem do sério.
Pois essa tem sido a realidade do levantador Bruninho desde 2007, quando foi convocado pela primeira vez para a seleção brasileira masculina de vôlei.
A modalidade é uma daquelas sobre as quais recai grande expectativa de pódio nos Jogos Olímpicos do Rio, e é um grande desafio tentar encontrar o atleta que pode simbolizar sua importância nesta Olimpíada.
Foto: FIVB
Talvez, a escolha mais natural fosse o líbero Serginho, um veterano de 40 anos, 15 deles dedicados à equipe verde e amarela. Carismático, o jogador é campeão olímpico em Atenas-2004 e vice-campeão em Pequim-2008 e Londres-2012. Tecnicamente, é uma unanimidade na torcida nacional.Então, por que optar por Bruninho, nessa situação? Simples. Porque, aos 30 anos, ele se tornou um especialista em superar desafios como o que a seleção brasileira terá de ultrapassar para confirmar a condição de uma das favoritas ao ouro na capital carioca. Fruto do casamento de Bernardinho com a ex-jogadora Vera Mossa, desde cedo, o levantador teve de lidar com imensa pressão.
Não diretamente dos pais, mas das pessoas que não esperavam mais do que a perfeição em seu jogo graças à herança genética. Tranquilo, o levantador escapou dessas armadilhas para construir uma carreira sólida.
O grande desafio inicial vestindo a camisa brasileira foi justamente na primeira convocação. Às vésperas dos Jogos Pan-Americanos de 2007, também no Rio, Bernardinho cortou Ricardinho por problemas internos. De uma hora para outra, Bruninho virou titular. Na época, Ricardinho era simplesmente o melhor do mundo na posição, o que deixou o recém-chegado com a dupla responsabilidade de provar o valor, sem que a seleção perdesse qualidade.
Bruninho chegou a ser vaiado no ginásio, mas não se abalou. Continuou trabalhando e se firmou no grupo, não apenas como mero participante. Tornou-se um dos líderes, dando uma dinâmica toda pessoal ao jogo brasileiro. A tranquilidade dele chama a atenção, em contraste com as explosões paternas.
Pura questão de estilo, pois, quando o assunto é vôlei, a busca pela perfeição é a mesma em ambos. Eles são iguais.
Da estreia na seleção principal até hoje, o levantador foi a duas Olimpíadas, faturou dois vice-campeonatos, foi campeão do mundo e tetra da Liga Mundial.
Mais maduro, atingiu o equilíbrio exato para comandar o Brasil rumo a um título que tem teimado em lhe escapar nos últimos minutos nos Jogos.
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