Era um clássico, e o Maracanãzinho parecia preparado para tal. A torcida era quase toda brasileira, claro. Então, quando os argentinos marcaram os dois primeiros pontos, com Conte e Poglajen, o ginásio se encheu de vaias. O Brasil chegou a deixar tudo igual, mas um novo ataque de Poglajen, com desvio de bloqueio, fez o placar chegar a 6/4 para os rivais. O Brasil, mesmo caindo em erros, tentava encostar. A seleção chegou a tomar a frente no placar, mas viu a Argentina virar depois de ace de Sole (12/11).
Os hermanos ampliaram em ataque para fora de Lipe, mas viram sua maior estrela sair de quadra. Conte, que havia lidado com problemas físicos antes dos Jogos do Rio, pisou em falso e machucou o tornozelo direito. Nem isso, porém, tirou o ímpeto argentino. Na pancada de Bruno Lima, os rivais abriram 16/14.
Só que o Brasil não desistia assim tão facilmente. Lipe, em mais um ace, deixou tudo igual no placar. A Argentina voltou a abrir, e foi a vez de o Brasil tomar um susto. Em jogada junto à rede, Lucarelli caiu de mau jeito, sentiu um problema na coxa direita e precisou deixar a quadra para ser atendido. Era um jogo nervoso. Os brasileiros reclamaram de invasão argentina na rede, mas, após o desafio, a arbitragem não viu falta. O lance irritou ainda mais os donos da casa. Foi a deixa para que, na marra, a seleção conseguisse a virada. Serginho pediu o apoio da torcida e fez o Maracanãzinho ensurdecer o time rival. A Argentina parou, e o Brasil aproveitou para fechar a parcial: 25/22, depois de saque na rede de De Cecco.
Na volta à quadra, ainda sem Lucarelli, o Brasil abriu a contagem com Maurício Borges. A Argentina virou em ataque de Conte, recuperado das dores que o tiraram do set anterior. A seleção foi buscar duas vezes seguidas com Wallace, principal arma ofensiva da equipe até ali. Era um jogo equilibrado, e os times se revezavam na dianteira do placar naquele início.
A Argentina, porém, cresceu. Quando Maurício Souza parou no bloqueio de Sole, a diferença subiu para três pontos (11/8). Bernardinho pediu tempo, e a torcida voltou a provocar os rivais. Não funcionou. Conte veio do fundo da quadra com uma pancada e ampliou. Wallace, em erro de ataque, cedeu um ponto a mais para o outro lado. A seleção lutava, mas o momento não era dos melhores, e os rivais chegaram a 15/9 com novo bloqueio sobre Wallace.
O domínio argentino era absoluto. Bernardinho tentou acertar a casa com a inversão 5 por 1, mandando William e Evandro para a quadra. Mas, no ace de Conte, os hermanos fizeram o placar chegar a 20/13. O Brasil ainda conseguiu tirar alguns pontos dos rivais, mas a diferença era muito grande para buscar. Gonzalez, ao explorar o bloqueio de Lipe, fechou a conta: 25/17.
Era hora de mudar o ritmo. Wallace subiu alto e soltou o braço para iniciar a conta. Maurício Borges, duas vezes, em bloqueio e no ataque, e Bruninho, no serviço, abriram quatro pontos para a seleção. O Brasil, finalmente, cresceu em quadra. Se Lucarelli não estava ali, Wallace resolvia. Só que a Argentina lutava. No melhor rali da partida, salvou bolas improváveis e levou a melhor, diminuindo para 8/5.
Não tinha problema. Àquela altura, a seleção manteve a calma. Lucão, que fazia uma partida irregular, ainda entregou um saque para os rivais, mas a diferença logo subiu para sete pontos (13/6). A Argentina, por um momento, pareceu crescer. Conseguiu diminuir a diferença e causou preocupação a Bernardinho. Não era para tanto. No último lance, em ataque de Wallace, Bernardinho viu toque na rede do lado rival e pediu o desafio. Tinha razão. Com 25/19, a seleção fechou a parcial e passou à frente no placar
A partida parecia definida, mas faltava combinar com a Argentina. Os hermanos voltaram melhores à quadra. Depois de Gonzalez abrir 6/3 no placar, Bernardinho pediu tempo. A seleção melhorou, mas o jogo não era dos mais fáceis. O empate veio em erro de ataque do outro lado, para a festa da torcida da casa (9/9).
A Argentina voltou a abrir, e Bernardinho resolveu arriscar. Chamou Lucarelli de volta à quadra, no lugar de Lipe, que sentia dores nas costas. A seleção melhorou. A virada veio em mais um ataque de Wallace, desta vez pelo meio. Lucão, enfim, cresceu no jogo e passou a fazer a diferença. Mas tudo indicava um fim dramático. No saque de Sole na rede, marcou 19/18 no placar. Na sequência, Wallace voou mais uma vez e ampliou a diferença. Só que os rivais conseguiram buscar e empataram o jogo em 20/20. Bernardinho pediu tempo mais uma vez e tentou passar tranquilidade à seleção. Na volta, o jogo seguiu tenso, mas o Brasil contou com mais um saque na rede dos rivais para chegar ao match point. No ataque seguinte, Wallace explodiu mais uma vez e definiu o jogo: 25/23.
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