Para um leigo, pode até parecer uma incoerência. Mas o fato é que o vôlei sentado, no nível em que é jogado atualmente, exige mais altura dos atletas do que sua versão olímpica. Sem contar com a impulsão dos saltos para compensar eventuais centímetros a menos, as equipes valorizam cada vez mais a estatura de seus convocados. Para seguir a tendência mundial e tornar-se competitivo com as grandes potências, o Brasil seguiu a mesma receita. Com uma média de 12 centímetros a mais do que nos Jogos de Londres, a seleção comandada por Fernando Guimarães é a atual vice-campeã mundial e forte candidata ao pódio no Rio.
As mudanças também atingiram outros atletas. Alguns veteranos deram lugar a novos talentos, enquanto outros jogadores foram trocados de posição. Tudo em prol do crescimento da equipe. A filosofia rendeu frutos. O Brasil é o atual vice-campeão mundial e campeão parapan-americano.
- Fomos para Londres com um time de média de altura de 1,84m, que era um bom time, muito técnico, mas eu sabia até onde a gente podia chegar. É engraçado porque a gente fala com relação à inclusão dos deficientes, mas no alto rendimento ele (vôlei sentado) é muito mais exclusivo do que o vôlei de pé, onde um cara de 1,90m joga. Aqui é complicado. Os outros times são muito grandes. A gente mudou o perfil, e a média de altura agora é 1,96m. (...) Mudei alguns jogadores de posição. O cara que era levantador foi ser líbero, o que era atacante foi ser levantador. Então a gente teve que adequar uma série de coisas. Brasileiro é muito versátil, e hoje realmente estamos com um time que pode lutar por uma medalha – disse Fernando.
Anderson é o mais alto do grupo, com 2,12m. Mesmo sentado tem um alcance impressionante, atingindo até 1,90m com os braços esticados. Nessa sobrevida que a carreira ganhou com o esporte adaptado, o curitibano ouviu críticas à inclusão de atletas com lesão mínima. As rebateu, frisando sempre que se trata de uma regra e que todos são submetidos a rígidos controles de classificação funcional. Ele cita ainda as vantagens dessa mudança de perfil, já que, com mais atletas com maior qualidade técnica, as partidas melhoram de nível.
- E as pessoas falam muito, mas ninguém sabe o que a gente passa como "lesão mínima". A gente anda, beleza, mas passa por uma classificação até pior do que eles. São médicos que vão te colocar numa salinha, te examinar e fazer tudo para saber se você tem condições ou não. Agora meu caso ficou lesão permanente, o que significa que não preciso mais ser avaliado todo campeonato porque a lesão piorou. Mas a regra permite que a gente jogue, então nada melhor que usar isso.
Os estrangeiros também usam deste artifício e se colocam como um desafio cada vez maior para o Brasil. Tentando retomar a hegemonia perdida na última Paralimpíada e no último Mundial, quando teve que se contentar com a prata e o bronze, respectivamente, o Irã integrou ao seu plantel o homem mais alto do país. Morteza Mehrzad mede 2,44m. Possui dificuldade de locomoção quando está em pé e anda com auxílio de muletas. Mas, uma vez sentado na quadra, é um adversário que impõe absoluto respeito. Passa por cima de todos os bloqueios sem cerimônia.
- A gente nunca tinha visto (algo assim). Para a gente o Anderson com 2,12m já era descomunal. Esse realmente é fora de padrão completamente. Pior que foi cair bem no Irã. Ele é mais lento, tem algumas dificuldades de locomoção, mas o técnico do Irã é muito bom e sabe tirar o melhor proveito. Se deu contra-ataque para ele, é muito difícil. Ele bate 30cm acima do Anderson. Isso no vôlei convencional não existe, um cara bater 30cm a mais do que o cara mais alto do outro time – analisou Fernando.
Apesar de reconhecer que Irã e Bósnia estão um degrau acima, o treinador vê o Brasil como única equipe capaz de batê-las. Além das três, aponta ainda Egito e Alemanha como candidatos ao pódio. Anderson também vê nivelamento entre estas seleções, mas prefere não fazer previsões sobre pódio. Quer que o grupo passe primeiro pelos adversários da fase classificatória e vá a cada fase focando no desafio que se apresentar.
- Vamos construir a cada jogo a nossa medalha, acho mais bonito assim. Não adianta contar com uma final ou semifinal. Foi assim no Mundial de 2014. A construímos nos jogos na classificatória, fase de grupo, semifinal, só perdemos a final para a Bósnia. Vamos construir a nossa medalha crescendo assim. É ruim contar com a medalha antes do tempo. Primeiro vamos pensar nos EUA, Alemanha e Egito. A gente jogando bem, fazendo como está treinando, lá na frente a gente vê como faz.
O duelo com os americanos será o primeiro do vôlei sentado, tanto masculino quanto feminino, na Paralimpíada do Rio. A partida será disputada às 10h (horário de Brasília) desta sexta-feira, dia 9 de setembro, no Pavilhão 6 do Riocentro.
Comandante do grupo desde o início de 2011, o irmão caçula do tricampeão olímpico Zé Roberto Guimarães promoveu uma mudança radical no perfil dos atletas. Naquela época, o time verde-amarelo era formado quase que exclusivamente por vítimas de acidentes de trânsito que se reabilitavam através do esporte. Ciente de que a evolução do país passaria por uma maior profissionalização, buscou ex-jogadores da versão em pé para agregarem valor.
O primeiro nome de peso foi o de Anderson Ribas, bicampeão da Superliga, integrado já para o Parapan de Guadalajara. No último ciclo entrou Fred Doria, Rei da Praia em 2000 e com mais de 20 anos de experiência somadas as carreiras na areia e na quadra. Com histórico de cirurgias e graves limitações de movimento nos joelhos, os dois se enquadram na classificação funcional como atletas com "lesão mínima" – só um pode estar em quadra por vez.As mudanças também atingiram outros atletas. Alguns veteranos deram lugar a novos talentos, enquanto outros jogadores foram trocados de posição. Tudo em prol do crescimento da equipe. A filosofia rendeu frutos. O Brasil é o atual vice-campeão mundial e campeão parapan-americano.
Anderson é o mais alto do grupo, com 2,12m. Mesmo sentado tem um alcance impressionante, atingindo até 1,90m com os braços esticados. Nessa sobrevida que a carreira ganhou com o esporte adaptado, o curitibano ouviu críticas à inclusão de atletas com lesão mínima. As rebateu, frisando sempre que se trata de uma regra e que todos são submetidos a rígidos controles de classificação funcional. Ele cita ainda as vantagens dessa mudança de perfil, já que, com mais atletas com maior qualidade técnica, as partidas melhoram de nível.
- E as pessoas falam muito, mas ninguém sabe o que a gente passa como "lesão mínima". A gente anda, beleza, mas passa por uma classificação até pior do que eles. São médicos que vão te colocar numa salinha, te examinar e fazer tudo para saber se você tem condições ou não. Agora meu caso ficou lesão permanente, o que significa que não preciso mais ser avaliado todo campeonato porque a lesão piorou. Mas a regra permite que a gente jogue, então nada melhor que usar isso.
- A gente nunca tinha visto (algo assim). Para a gente o Anderson com 2,12m já era descomunal. Esse realmente é fora de padrão completamente. Pior que foi cair bem no Irã. Ele é mais lento, tem algumas dificuldades de locomoção, mas o técnico do Irã é muito bom e sabe tirar o melhor proveito. Se deu contra-ataque para ele, é muito difícil. Ele bate 30cm acima do Anderson. Isso no vôlei convencional não existe, um cara bater 30cm a mais do que o cara mais alto do outro time – analisou Fernando.
- Vamos construir a cada jogo a nossa medalha, acho mais bonito assim. Não adianta contar com uma final ou semifinal. Foi assim no Mundial de 2014. A construímos nos jogos na classificatória, fase de grupo, semifinal, só perdemos a final para a Bósnia. Vamos construir a nossa medalha crescendo assim. É ruim contar com a medalha antes do tempo. Primeiro vamos pensar nos EUA, Alemanha e Egito. A gente jogando bem, fazendo como está treinando, lá na frente a gente vê como faz.
O duelo com os americanos será o primeiro do vôlei sentado, tanto masculino quanto feminino, na Paralimpíada do Rio. A partida será disputada às 10h (horário de Brasília) desta sexta-feira, dia 9 de setembro, no Pavilhão 6 do Riocentro.
0 Comentários